Quando começamos a andar de bicicleta, uma das coisas que mais fazemos é frear! E, infelizmente, é uma das coisas que mais fazemos da maneira errada.

Frear corretamente e sem desgastar os componentes das bicicleta envolve muitas variáveis! Dentre essas variáveis estão o tipo de freio (“cantilever”, “v-brake”, a disco, entre outros), o tipo e a condição do terreno em que estamos pedalando (asfalto, terra, areia, etc), e o tipo de bicicleta que estamos conduzindo.

Não temos o objetivo de fazer uma discussão técnica sobre qual o tipo de freio é melhor ou mesmo técnicas utilizadas em ambiente competitivo. Nossa ideia é fornecer algumas dicas para que você possa otimizar esta tarefa rotineira e crucial para quem “vai de bike”!

Para obter uma boa frenagem, é necessário estar com os pneus em dia, bons freios (com boas “sapatas” ou bons discos, dependendo do caso), boas rodas e, principalmente, manter o conjunto sempre limpo e bem regulado. O posicionamento errado do conjunto de freios compromete a eficiência de todo o processo, qualquer que seja a qualidade das peças.

O ideal é frear sempre nas retas, para obter a maior tração possível do conjunto. A posição dos manetes dos freios deve estar sempre o mais próximo possível do avanço do guidão, pois o ideal é que nossos dedos estejam nas pontas dos manetes, e não no meio, pois com isto temos mais força de alavanca e, portanto, menos desgaste físico.

Posição ideal dos dedos no manete do freio

Em termos de terreno, o ideal é sempre dar prioridade para frear em terreno mais seco e firme. Ou seja, em dias de chuva ou garoa, devemos diminuir nossa velocidade e sempre procurar antecipar as reações dos outros veículos em nosso entorno. Se estiver pedalando na terra, escolha a parte mais seca do solo, com menos vegetação e umidade. Acredite: isto pode fazer toda a diferença entre “tomar um chão” ou não!

O excesso de frenagem também pode provocar acidentes. Procure olhar sempre para onde se está indo, o mais “para frente” possível. Isto diminuirá a sensação de velocidade pois ao olharmos mais perto de onde estamos, parece que estamos indo “muito rápido” e tendemos a frear mais.

Assim como nos veículos a motor, o ideal é trabalhar com as marchas e com a velocidade, freando o mínimo possível. Com a experiência, percebemos que cada lugar tem a sua velocidade. E, ao trabalharmos desta maneira, poupamos os componentes da bike.

A eficiência dos freios

Somente para referência, um bom conjunto de freios deve ser acionado, em situações normais, somente com um dedo, e nas emergências com dois dedos. Se você tiver que fazer maior esforço que este, provavelmente está com algum problema em seu sistema e o ideal é ir a uma oficina de sua confiança para resolver o problema.

Por incrível que pareça, o freio dianteiro é o mais eficiente para parar a bicicleta. Procuramos sempre trabalhar em média com 65% de apoio no freio dianteiro e 35% no freio traseiro. A importância de trabalhar os dois freios “em conjunto” é muito grande, pois, apesar do freio dianteiro ser o maior responsável por “parar” a bike, o freio traseiro é que fornece a “firmeza” no trajeto e na direção da bicicleta, e que também vai garantir a tração da bike para que o dianteiro possa atuar.

Devemos evitar sempre o travamento das rodas, que quase sempre é seguido por uma derrapagem e uma possível queda. Se precisar frear bruscamente, “trave” a roda traseira, mas nunca a dianteira. E ao fazer isto, procure jogar seu corpo para trás, como se quisesse “puxar” a bike. Aliás, a posição do corpo afeta e muito a bike no momento da frenagem. Quanto mais peso houver sobre a roda traseira, maior será a tração com o solo, fazendo você parar com mais eficiência.

Por exemplo, se estiver descendo um trecho inclinado e precisar frear, saia do selim e movimente seu corpo para trás, fazendo com que todo seu peso se desloque para a roda traseira. Em trechos mais técnicos, principalmente em trilhas, chegamos até a ficar com o corpo atrás do selim, modificando o centro de gravidade da bicicleta. Mas para o uso cotidiano, e principalmente urbano, isto não se faz necessário.

E só para lembrar, o freio dianteiro é sempre do lado esquerdo, do lado do coração! E o traseiro do lado direito. Acredite: já vi muito ciclista cair por se confundir na hora de frear…

Além das dicas acima, sempre mantenha seu olhar para a frente, prevendo o que acontece no entorno, os obstáculos e as reações dos outros veículos e pedestres. Fique sempre atento aos pedestres, que quase sempre atravessam na frente das bicicletas por não terem ideia de que a bike normalmente “chega” até eles antes do que eles previram, devido a velocidade em que se desloca. Este é o motivo mais comum de acidentes entre ciclistas e pedestres, principalmente nos parques, onde muitas vezes todos estão mais desatentos do que o usual.

Concluindo, utilize sempre seus freios com equilíbrio e segurança!

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