A triatleta cearense Vittória Lopes (Specialized TRI BR), de 23 anos, é uma das das três representantes do Brasil nos Jogos Pan-americanos Lima 2019, que serão realizados nos dias 27 (prova individual) e 29 de julho (Team Relay), com a presença dos competidores de 17 países.

Dona do melhor resultado em uma etapa do circuito mundial da ITU (com o top 8), Vittória tem reais chances de medalha. “Vou disputar os Jogos Pan-americanos em Lima, Peru, no individual e por equipe, que é uma prova importante para o Brasil e modéstia a parte acredito que é possível ir muito bem”, diz a triatleta que terá uma agenda cheia de provas até o final do ano.

“Depois de duas semanas vou para o evento teste dos Jogos Olímpicos em Tóquio, que inclusive vale pontuação em dobro. E mais duas semanas teremos o evento final do circuito mundial ITU (World Triathlon Series) em Lausanne, na Suíça, o Grand Final, também com pontuação dobrada. Enfim, serão dois eventos importantes em busca por pontos olímpicos para conseguir carimbar o passaporte para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020”, explica Vittória que está muito bem cotada no ranking mundial com a 32º posição (1080 pontos no ITU World Triathlon Series Rankings 2019).

Filha de Hedla Lopes (ex-nadadora profissional e triatleta experiente com mais de 30 Ironmans), Vittória faz uma trajetória estelar no triathlon em apenas 5 anos dedicados ao esporte, colecionando títulos importantes, como ao conquistar a 8ª posição na prova da World Triathlon Series (WTS), em Leeds, na Inglaterra; o título de vice-campeã em Mundial Militar de Triathlon, na Suécia, entre outros. No entanto, sua dedicação e paixão pelo esporte apontam que resultados muito mais expressivos ainda estão por vir.

“Na competição em Leeds na Inglaterra que fiquei na oitava colocação foi quando as coisas começaram a ficar mais reais, de promessa virei uma realidade. Estou começando a ficar mais confortável nestas provas internacionais”, diz a menina de sorriso fácil que conta com todo apoio familiar, dos patrocinadores e de uma equipe multidisciplinar para ir cada vez mais longe. 

Conheça mais sobre a Vittória Lopes, a triatleta revelação do triathlon mundial, nesta entrevista completa:

Perfil

  • Nome completo: Vittória Lopes
  • Idade: 23 anos
  • Natural de Fortaleza/CE
  • Equipamentos: S-Works Venge; capacete Evade TT e sapatilha Trivent
  • Instagram

Como o triathlon entrou em sua vida?

O triathlon chegou em mim faz pouco tempo, mas ao mesmo tempo não tão recente assim. Fiz minhas primeiras provas quando tinha oito anos de idade que minha mãe me levou, mas parei e fui para natação que era meu esporte mais fraco. Aí fiquei praticando natação. A verdade é que o triathlon sempre fez parte da minha vida. No começo eu não entendia o que minha mãe fazia, achava tudo meio doido. Sempre tinha gente do triathlon na minha casa, gente falando de bicicleta, histórias de lesão, treinos, viagens… Com isso era um assunto distante para mim, mas muita perto de convivência.

Quando parei de nadar totalmente aos 16 anos, nesta época já morava em Curitiba (PR) onde treinava, entrei na faculdade e o Wesley da Barcellos Sports Fortaleza me perguntou se eu gostaria de fazer triathlon. Pensei: “ué, vamos tentar”. Isso aconteceu em 2014 e minha evolução no esporte ocorreu de maneira muito rápida até agora.

Você prefere: Nadar, pedalar ou correr?

Sempre soube que com a minha natação forte as coisas no triathlon olímpico seriam mais reais. Pois sabia que numa prova rápida como o olímpico se você nadar no grupo da frente aumentava minhas chances. Não adianta só correr. No nível mundial você precisa nadar, pedalar e correr muito bem, ser uma atleta completa. Porém se você não faz uma natação boa, você não compete, e se você não corre bem, você não ganha. Tem que estar muito bem equilibrada física e mentalmente.

Qual é a importância do ciclismo e a bicicleta no triathlon olímpico?

O ciclismo evoluiu muito e os atletas estão muito fortes nesta modalidade. Agora as provas têm circuitos com partes técnicas e se você por exemplo sobra numa subida fica muito difícil recuperar. Agora que evolui no ciclismo graças aos treinamentos e novos equipamentos consigo manter um nível forte nas três modalidades, pois no final de tudo ainda temos que correr! É triathlon, é os três: nada-pedala-corre. Natação e bike te coloca na frente, quem não quer sair para correr na frente?

A minha bike é uma Specialized Venge. Quando peguei para pedalar o modelo Venge Vias pela primeira vez (2018) logo obtive meu melhor resultado naquela época. Sabia que era resultado da bike nova, super leve e aero. Pois com o grupo de transmissão eletrônica era muito fácil fazer as trocas de marchas e fazer retomadas com velocidade, economizando energia total para correr.

O que representa fazer parte da equipe Specialized TRI BR que reúne grandes nomes do esporte, como Reinaldo Colucci, Pâmella Oliveira e Fernanda Keller?

Considero a equipe Specialized uma família para mim. Desde a loja Barcellos em Fortaleza, o time sempre acreditou em mim com total suporte. Essa relação com eles é de confiança e segurança.  Porque todo atleta não vive apenas de bons resultados, todos têm altos e baixos e com essa equipe sei que posso contar com muito carinho e todo suporte. Com isso entro na prova mais relaxada, o que me traz somente coisas positivas.

Sobre minha relação com meus companheiros de equipe é ótima. Acabo de vir de uma viagem com o Reinaldo Colucci que é um atleta renomado no esporte e sempre aprendo muito com ele. Com a Pâmella ela é uma amigona que sempre me dá a maior força. Como temos histórias similares por ela também ser nadadora, ela já percorreu esse caminho no triathlon olímpico e sempre conversamos. Me sinto em casa, que além do apoio da família tenho esse time maravilhoso por trás.

O que faz diferença para uma boa transição?

A sapatilha Specialized Trident (com abertura total para facilitar o encaixe do pé) tem toda uma tecnologia para agilizar as transições, afinal, numa prova de alto nível tudo é decidido nos detalhes e a sapatilha faz essa diferença, enfim, isso facilita as coisas e os resultados podem vir mais vezes.

Qual é o equipamento que faz a diferença no seu dia a dia?

O capacete Specialized com a tecnologia ANGi (detector de impacto, rastreamento e chamado por Socorro) realmente me deixa mais tranquila quando saiu para treinar sozinha. Com a tecnologia de rastreamento, por exemplo, meus pais podem me acompanhar onde estiver. Tenho certeza que meu pai ficará muito feliz por saber por onde estou.

Como você se enxerga nos próximos cinco anos, considerando a influência principalmente da sua mãe que, por exemplo, já a levou para acompanhar o Ironman em Kona, no Havaí?

Nem imagino o que vai acontecer. Nos últimos cinco anos tudo mudou em minha vida. Quando fui para Kona eu era muito pequena e ficava sem entender o que minha mãe fazia correndo sob aquele calor. Me perguntava: “será que ela gosta disso”. Ao mesmo tempo eu torcia muito para ela, correndo de lá para cá. E quando comecei a entender, tudo isso começou a fazer sentido e as lembranças da infância que deixaram ainda mais forte com a certeza de que estou no caminho certo. Portanto, daqui para frente eu espero muito ir para os Jogos Olímpicos e curtir cada momento da competição, pois antes de tudo eu faço o triathlon por que gosto e acredito que os resultados vem por amor.

O que o esporte te proporciona?

Mais do que títulos, o esporte me leva para conhecer lugares, culturas e pessoas. Hoje convivo com mais pessoas americanas (Vittória atualmente treina em Boulder, no Colorado) e fico observando o ambiente e os costumes. Depois pretendo fazer no Brasil uma faculdade de nutrição ligada ao esporte e poder passar para as pessoas toda essa experiência que eu tive. Pois sabemos o quão difícil é o esporte no país, por isso minha intenção é ensinar tudo que aprendi no esporte. E no final, o que fica são as amizades que fazemos no triathlon.

Quais são suas dicas para uma pessoa começar no triathlon?

Quando comecei minha mãe já me colocou para pedalar numa bike de contrarrelógio. Então minha referência é essa. Mas para aquele que quer começar no triathlon é muito importante nadar, minha dica é fazer muita natação. E também, corra. O ciclismo é mais divertido e é a modalidade mais fácil de se adaptar. E faça musculação para evitar lesões. Comece por uma prova de sprint e olímpico, antes de querer encarar uma prova de endurance, que exige muitos treinos longos. Sobretudo, divirta-se para fazer tudo valer a pena.

Qual é sua mensagem final?

É aquela coisa: “Fazer o que gosta é liberdade. Gostar do que faz é felicidade”. O triathlon é um esporte muito dinâmico e divertido, que te leva a lugares que você nem imagina. Não é entediante porque é possível você melhorar o rendimento de várias formas.