COI anuncia que os Jogos não serão mais nesse ano e que ocorrerão no máximo até o meio do ano que vem

Os comitês internacionais olímpico e paralímpico (COI e CPI) anunciaram na terça (24) o adiamento dos Jogos de Tóquio por conta da pandemia de coronavírus. Ainda não foram confirmadas novas datas, apenas que serão em 2021, no máximo até o verão, que no hemisfério norte é no meio do ano. Apesar da mudança, seguirá chamando Tóquio 2020.

“Nas presentes circunstâncias e baseados das informações repassadas hoje (terça) pela OMS, o presidente do COI e o primeiro-ministro do Japão concluíram que os Jogos da XXXII Olimpíadas em Tóquio precisam ser reagendados para uma data além de 2020, mas não mais tarde do que o verão de 2021, a fim de salvaguardar a saúde dos atletas, todos envolvidos nos Jogos Olímpicos e a comunidade internacional”, diz o COI em nota oficial.

 “Postergar os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 como consequência da pandemia de Covid-19 é absolutamente a coisa certa a ser feita. A saúde e o bem-estar da vida humana devem sempre ser nossa prioridade número um”, afirmou Andrew Parsons, presidente do CPI, também em nota oficial.

Anéis Olímpicos na baía de Tóquio. © Clive Rose / Getty Images

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e o presidente do COI, Thomas Bach, acertaram o adiamento ainda nesta terça, pouco antes do anúncio oficial, em conversa à distância. Após a conferência, Abe informou ter partido dele a proposta e que Bach “disse estar 100% em concordância”.

Antes do fator coronavírus, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio estavam marcados para acontecer entre 24 de julho e 6 de setembro. É a primeira vez que uma edição do evento é adiada por conta de uma pandemia. Em outras três oportunidades foi cancelada. Em 1916 por causa da primeira guerra mundial e em 1940 e 1944 por conta da segunda.

Pressão e previsão

A decisão sai dias, ou horas, após comitês olímpicos nacionais informarem que não iriam para Tóquio este ano se as datas fossem mantidas. Dentre eles, o canadense. Outros, como o brasileiro, defenderam abertamente o adiamento. Eram esperados cerca de 11 mil atletas de mais de 200 países no evento.

Além da pressão dos comitês, nomes importantes do movimento olímpico já davam como certa a alteração no calendário. Yoshiro Mori, presidente do Comitê Organizador de Tóquio, havia feito declarações neste sentido na segunda-feira (23). O canadense Dick Pound, um dos integrantes mais antigos do COI, também já previa o reagendamento.

Segundo uma pesquisa via telefone conduzida pelo grupo de mídia The Asahi Shimbun entre 21 e 22 de março, 73% dos residentes de Tóquio eram a favor do adiamento e apenas 15% preferiam que se mantivesse o que fora planejado. Outros 9% acreditavam que o cancelamento seria a melhor opção.

Na capital japonesa, até terça-feira, 154 residentes haviam sido infectados com o coronavírus, em número crescente. Tanto que pouco antes do anúncio do COI, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, havia aberto a possibilidade de uma quarentena total. Koike disse ainda que as próximas três semanas serão um teste crucial na contenção ao Covid-19.

Perdas na casa dos bilhões de dólares

A decisão traz perdas financeiras na casa dos bilhões, segundo cálculos feitos por Katsuhiro Miyamoto para o The Asahi Simbum. O professor emérito da Universidade de Kansai, especializada em teoria econômica, fala em 640,8 bilhões de yens, equivalente a US$ 5,8 bilhões ou quase R$ 30 bilhões.

A indústria hoteleira japonesa esperava encher 46 mil quartos. “Nós enfrentaremos grandes perdas com o adiamento dos Jogos”, declarou um gerente de um hotel local para a publicação japonesa. “A demanda de turistas vem caindo cada vez mais por conta do coronavírus, então vai ser difícil repor esses turistas que viriam aos Jogos nesse verão de 2020”.

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