Falta de segurança – em especial furtos e roubos – é apontado como o principal motivo para não uso de bicicletas

O Estado de São Paulo registrou em 2019 em média uma morte de ciclista por dia. Foram 277 vítimas entre janeiro e agosto deste ano, apenas duas a menos do que no mesmo período do ano passado. Os dados são do último balanço do Infosiga (Sistema de Informações Gerências de Acidentes de Trânsito do Estado). 

Os números são resultados dos mais de 3 mil acidentes envolvendo bicicletas nos oito primeiros meses do ano. Apenas no mês passado, foram registradas 40 mortes de ciclistas no Estado de São Paulo.

“O excesso de velocidade mata. É uma questão de física. Não basta dizer que o freio é bom, que se tem um tempo de percepção e reação. A redução das velocidades nas cidades é fundamental para reduzir o número de vítimas fatais no trânsito”, avaliou para o Destak o professor de Engenharia Civil da FEI e mestre em transportes, Creso Peixoto.

Uma pesquisa feita neste mês pelo Instituto Ibope, a pedido da Rede Nossa São Paulo, mostra que para 33% dos entrevistados que nunca utilizam bicicleta, a falta de segurança continua sendo a principal razão de impedimento para o uso do modal. E dentro desse universo, furtos e roubos, e desrespeito dos motoristas e motociclistas seguem como os principais motivos que afetam a vontade de usar as ciclovias e ciclofaixas.

“Para se andar no meio dos carros é necessário ter uma certa malícia no trânsito. Por isso, as ciclovias e uma sinalização adequada são fundamentais para trazer segurança e incentivar novos usuários”, opinou o gerente de vendas, Eric Fernandes, que usa a bike como meio de transporte há 25 anos.

Ao longo da Semana Nacional do Trânsito, o Governo de São Paulo informou que o foco será a conscientização da população. “É possível obter um trânsito mais seguro quando cada um assume sua responsabilidade e evita situações de risco que muitas vezes geram acidentes graves e até fatais”, declarou a coordenadora do programa Respeito à Vida, Silvia Lisboa.

Sinalização

Mudanças recentes feitas nas ciclovias pela Prefeitura de São Paulo têm gerado muita discussão. Uma delas é sobre a sinalização da pista que deixou de ter a pintura vermelha para receber uma faixa branca pontilhada, como forma de dividir o espaço.

Na cidade de São Paulo, o Plano Cicloviário prevê a expansão da malha específica para 1.420 quilômetros até 2028 – atualmente, a cidade de São Paulo possui 503,6 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas implantadas, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Para o ciclista Ronaldo Huhm, que usa a bike para trabalhar desde 1990, além da ampliação das faixas exclusivas, é importante que se coloque em práticas campanhas de conscientização. “A educação é o primeiro passo para que as pessoas respeitem e isso foi negligenciado. Além de fiscalização para identificar quem desrespeita as regras”, opinou.

Para o professor da FEI, a forma mais enfática de conscientizar a população ainda é multar. “Essa é a alternativa até que tenhamos motoristas com conceito pleno da importância de respeitar os limites, principalmente não invadir ciclofaixas”, declarou.

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