Teoria dos ganhos marginais, que recomenda pequenas mudanças para gerar uma melhoria de 1% no desempenho de atletas, levou país de dois bronzes em Atlanta a 14 medalhas em Pequim

Em 1996, o ciclismo britânico passava por uma crise sem precedentes: os míseros dois bronzes conquistados nos Jogos Olímpicos de Atlanta e a falta de verbas para pagar a conta de luz do velódromo nacional, em Manchester, davam a dimensão do tamanho do buraco em que o esporte se encontrava. Era hora de uma mudança radical. E ela veio através de um plano de desenvolvimento que levou o país-sede dos Jogos de Londres 2012 ao topo do quadro de medalhas no esporte, com nada menos que 12 medalhas, sendo oito de ouro.

Uma década de evolução do ciclismo britânico

A explicação para a ascensão meteórica do ciclismo britânico frequentemente inclui o nome de Dave Brailsford, a mente por trás da teoria dos “ganhos marginais” – que consiste na execução de pequenas mudanças capazes de gerar uma melhoria de até 1% no desempenho final do atleta. Diretor de performance da equipe nacional a partir de 2003, Brailsford promoveu alterações que iam do design das bicicletas aos travesseiros, passando pelo gel de massagem utilizado pelos ciclistas. Definiu metas que incluíam uma então improvável vitória no Tour de France e um salto no quadro de medalhas nas edições seguintes das Olimpíadas.

Depois de voltar ao lugar mais alto do pódio em Sydney 2000, o ciclismo britânico registrou nova evolução em Atenas 2004, graças a dois jovens talentos que personificariam a nova e vencedora face do esporte no país: Bradley Wiggins e Chris Hoy. Eles liderariam a melhor campanha da Grã-Bretanha nas Olimpíadas, em Pequim 2008, coroada com 14 medalhas, sendo oito de ouro – performance que garantiu o primeiro lugar no quadro de medalhas do ciclismo, com oito pódios a mais que a França. Anfitriões da edição seguinte da competição, Londres 2012, os britânicos repetiriam a dose com o primeiro lugar geral no ciclismo: 12 medalhas, novamente oito de ouro.

Bradley Wiggins comemora o ouro em Pequim 2008 — Foto: Getty Images
Bradley Wiggins comemora o ouro em Pequim 2008. © Getty Images

O ano de 2012 não ficaria marcado apenas pelo sucesso olímpico: cumprindo a meta estabelecida por Brailsford, Bradley Wiggins se tornou o primeiro britânico campeão do Tour de France, e também o único campeão olímpico do país a vencer a competição de estrada de maior prestígio internacional.