Modalidade em que atletas treinam em ambiente fechado, sem riscos da ação do tempo e dos perigos do trânsito, trazem resultados positivos para novos praticamente, profissionais e amadores

Há um ano, o empresário e atleta Rodrigo Nunes Rosa, 35 anos, decidiu empreender seu capital no Studio Movin Indoor Training, no bairro Estreito, e seis meses atrás abriu uma filial no Jurerê, no Norte da Ilha, ambas em Florianópolis. Os resultados têm sido tão positivos que ele já iniciou um processo de elaboração de franquia para ampliar ainda mais o negócio.

O foco do studio é o treinamento de triatlhon, modalidade direcionada ao ciclismo e à corrida. Em um futuro próximo, o empresário pretende focar na natação, tanto que a construção de uma piscina semiolímpica faz parte do projeto da unidade do Estreito.

Na unidade do Jurerê, já ocorrem treinamentos de natação, pois está localizada a 200 metros da praia, onde são realizadas as práticas no mar aberto. A unidade do Jurerê, inaugurada em maio deste ano, já recebeu atletas internacionais como o americano Andy Potts e o inglês Will Clark. Durante a prova do Ironman, eles foram lá treinar e ficaram surpresos com a qualidade do Studio Movin Indoor Training.

“Aqui no Brasil, essa prática ainda é novidade, mas em muitos países onde as adversidades do clima e da temperatura são intensas, tanto para o excesso de frio como de calor, os atletas já têm o hábito de treinar em estúdios fechados”, revela Rodrigo. Ele explica também que recentemente foi dado passo importante para o treinamento indoor, pois a Organização Mundial do Ciclismo reconheceu o ciclismo virtual como parte classificatória para os Jogos Olímpicos, na modalidade E-cycling.

Rodrigo Rosa treina junto ao simulador, o que vem proporcionando bom desempenho nas competições em que participa | © Anderson Coelho/ND – © Rodrigo Rosa_Inspira Moovin Bike indoor_Anderson Coelho_4510

Espaço fechado para uma verdadeira imersão        

Mas, afinal, o que significa “indoor training”? É o termo usado para designar um treinamento feito em espaço fechado, mas com o diferencial de ter o mesmo nível de exigência física e de impacto de um treinamento realizado em ambiente externo.

“A principal proposta é que a pessoa viva a experiência de um ambiente de imersão, por isso não temos janelas. Não importa se é dia ou noite, se está quente ou frio. Aqui é um espaço climatizado, seguro, onde todos os clientes podem estar na sua estação no mesmo percurso que outros, ou em um percurso individual, conforme o aplicativo de sua preferência”, explica o empresário.

Porém, existem muitos outros diferenciais e atrativos que têm levado um público cada vez mais diversificado a esses lugares de prática esportiva e de treinos individualizados. As “smarts trainers” são equipamentos de tecnologia de ponta e que possibilitam alta performance dos atletas, que podem realizar seus treinos por meio do aplicativo de sua preferência.

Um dos aplicativos virtuais mais procurados é o Zwift, um simulador de provas de competições on-line que permite que um atleta daqui pratique a modalidade de forma interativa com outros atletas de todo o mundo ao mesmo tempo.

O smart trainer possibilita a realização de treinos personalizados por meio de uma tela de computador individualizado acoplado a uma bike de alto padrão, que indica o rendimento e o potencial de cada praticante. Nas estações individuais, cada praticante tem seu “avatar”. Uma conta no aplicativo registra o histórico dos treinos, o que possibilita a visualização da sua performance e da sua potência , leia-se Watts.

“Aqui é um espaço democrático. Recebemos todas as assessorias esportivas de braços abertos, o que é pouco comum entre os locais de treinamentos de triatlhon”, enfatiza Rodrigo.

Assessoria esportiva e nada de anabolizantes

Entre os assessores esportivos, estão Fernando Couto, que recentemente participou da final do Ironman 70.3, na cidade de Nice, na França; Guilherme Garcia, três vezes classificado para o Mundial do Ironman 140.6, em Kona, no Havaí; e Renata Nicolau, profissional responsável por treinar o apresentador e repórter da RIC TV|Record TV, Marcelo Cabral, para a corrida Desafio Sicoob, realizada domingo passado, no Morro da Cruz.

Na Movin, os profissionais da fisioterapia esportiva trabalham com as técnicas de recovery pós- treino, liberação miofacial, facial streach terapy e avaliação funcional do movimento.

“Somos totalmente contra o uso de qualquer anabolizante ou outro tipo de doping. Acreditamos que o que dá resultado é a constância no treinamento, destaca o empresário.

Rodrigo se refere ao emblemático caso de Lance Armstrong, ex-ciclista profissional americano, campeão de ciclismo em estrada em 1993 e que ficou famoso mundialmente por ter vencido o Tour de France por sete vezes consecutivas — um recorde absoluto nessa prova — entre 1999 e 2005.

Contudo, em 2012, anos após encerrar a carreira esportiva, ele perdeu todos os títulos obtidos depois de 1998 e foi banido do ciclismo competitivo pela União Ciclística Internacional em razão do uso de dopagem bioquímica.

Mulheres procuram por um ambiente mais seguro para a prática do ciclismo |© Divulgação/ND © 20190121-RVLL7186

Mulheres buscam modalidade indoor 

Se o público da Movin começou apenas com os atletas do triatlhon, está crescendo cada vez mais a procura de mulheres de 30 a 60 anos por essa modalidade indoor. “Existe uma nova geração de mulheres sem coragem de pedalar nas ruas, tanto pela insegurança do trânsito como pela má qualidade dos percursos, com buracos e falta de acostamento, pelo medo do assédio, além das intempéries”, ressalta o proprietário.

O empresário afirma que um dos benefícios da prática indoor é o contato social de diferentes gerações, bem como o convívio harmônico entre atletas e amadores.

“Se no início tínhamos dificuldade de fazer com que nossos clientes entendessem que é um espaço que vai além da estética e do emagrecimento, hoje vejo mulheres de todas as idades envolvidas nesse novo estilo de vida, investindo na compra de vestimenta e de produtos que auxiliem seu treino”, avalia.

Com o crescimento das cidades, a modalidade indoor propicia também a segurança de um ambiente controlado, economia para o cliente, pois cada estação custa em média R$ 15 mil em equipamento, e a otimização do tempo, já que muitos vêm pedalar no horário do almoço, tomam banho no vestiário e almoçam por lá mesmo, onde há uma franquia de alimentação saudável.

Fugindo da insegurança das rodovias

A insegurança das rodovias em Santa Catarina, e em especial em Florianópolis, também motivam o público na busca do indoor. Rodrigo revela que frequentemente ele e amigos atletas costumam treinar ciclismo nos trechos entre as cidades de Maciambu e Laguna, porque além de ser mais seguro, a distância é de 180 km, o equivalente a uma prova do Ironman. Por outro lado, a SC-401 é um perigo. “Por ser uma rodovia que liga vários bairros, a circulação de automóveis é muito intensa, e ainda existem casas noturnas no entorno, o que faz com que motoristas alcoolizados provoquem um maior índice de acidentes nessa região, aumentando as estatísticas de morte de ciclistas nesse percurso”, destaca o atleta.

Para a segurança dos atletas de ponta residentes na Capital foi criado o projeto VAC (Via Amiga do Ciclista), por meio do qual a Prefeitura permite que em todos os domingos sejam fechados trechos da Beira-mar Norte, das 6h às 9h, para ciclistas de treinamento forte.

“A Movin Indoor Training é parceira dessa iniciativa, pois um dos nossos grandes diferenciais é também priorizar a vida e o bem-estar dos atletas. Todos queremos chegar a salvo em casa depois de um treino”, reflete Rodrigo, que é casado e tem um filho de três anos.

Inspiração que veio do México

Não por acaso o mercado de treinamento indoor, principalmente o de ciclismo, está crescendo no Brasil, e a Movin Indoor Training é pioneira nesse setor de treinamento individualizado. O empresário se inspirou em um estúdio mexicano chamado “Lab Cycling”, que já tem oito unidades.

Inclusive, ele recém desembarcou na Capital, depois da prova de Ironman 70.3, em Cozumel, no México, que ocorreu semana passada, no qual foi um dos “finishers” – termo para designar aqueles que concluem as provas dentro do tempo definido pelos organizadores.

“Foi uma prova muito dura por causa dos 40 graus de temperatura e da alta umidade do ar. Mais de 300 atletas não conseguiram concluir, mas a experiência provou que o fato de eu ter realizado meu treinamento 90% indoor foi extremamente eficaz para o desempenho nessa prova, pois consegui concluir o percurso de ciclismo em 2h35m, cerca 35 km por hora de velocidade média”, vibra Rodrigo.

Mas como nem só de suor vive um atleta, após o encerramento da prova, Rodrigo e seus colegas de modalidade conseguiram desfrutar por algumas horas das águas cristalinas do Caribe.

Ele também destaca que, diferentemente do que todos imaginam, o triatlhon é uma prova que pode ser realizada por todo mundo que tenha senso de disciplina, comprometimento e superação. “Até 2015, apenas corria de forma amadora, não nadava nem pedalava, mas a busca por esse life style do triatlhon  me mostrou que eu podia sim superar as minhas próprias expectativas e direcionar a minha vida para essa atividade.”

Ivanice e família: ela trabalha, treina e não descuida da família, enquanto vai tendo conquistas também como atleta | © Álbum de Família/ND

Auditora encontra energia para a tripla jornada

A auditora de controle externo do TCE/SC, Ivanice Kretzer Santos, 42 anos, três filhos, treina na Movin praticamente desde a abertura, há cerca de um ano. “Eu corro, pedalo e faço musculação. Diríamos que sou aspirante a atleta. Faço atividades físicas de segunda a sexta e aos finais de semana treino nos sábados ou domingos”. Sem babá ou empregada, ela encontrou na atividade física a energia e disposição para um dia a dia tão atribulado. “Acredito que a Movin teve papel fundamental não apenas na minha evolução dentro do esporte, mas também no crescimento da minha paixão pela corrida e pela bike.
Sabe aquele lugar onde você gosta de estar? Em que você se sente entre amigos? Pois a Movin é assim pra mim!”

Educador físico, Rodrigo Baltazar também investe no treinamento e vem conquistando bons resultados | © Divulgação/ND

Baltazar exalta a segurança que as ruas não oferecem

Outro adepto do treinamento indoor é o educador físico Rodrigo Baltazar, proprietário da Newpace Assessoria Esportiva. Ele treina há cerca de quatro meses na Movin utilizando a potência como parâmetro para os treinos.

“Não apenas eu, mas meus alunos também perceberam vantagens, desde a qualidade do treino realizado num ambiente controlado, precisão na intensidade e principalmente segurança que a maioria das ruas e estradas não oferecem”, observa.

A união da tecnologia com o esporte

“Estou praticando há aproximadamente seis meses. Por enquanto, sem pretensão de competir, apenas por questões de saúde e hobby, porém, é uma prática desafiadora e que o tempo todo nos proporciona o acompanhamento da evolução do desempenho, o que é muito interessante e motivador”, atesta a contadora Láysla Furtado Silva, 24 anos.

Para ela, a Movin consegue reunir tecnologia e esporte. “Ao meu ver, a maior facilidade é ter a oportunidade de simular um treino de rua, sem interferência climática”, frisa.

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