A mobilidade socioambiental nunca esteve tão em evidência como neste tempos. Deslocar-se com o mínimo de impacto ao meio ambiente está na agenda de muitas pessoas e empresas. O Lactec — instituto privado de tecnologia e inovação em Curitiba — também decidiu inserir a eletromobilidade em seu ambiente corporativo, trazendo para próximo de seus colaboradores a temática que, há mais de sete anos, vem sendo o foco de uma de suas linhas de pesquisa. A empresa lançou neste mês, o projeto Mobilidade Elétrica Lactec, colocando patinetes e bicicletas elétricas à disposição de funcionários, bolsistas e estagiários para deslocamentos a trabalho entre suas unidades tecnológicas, em Curitiba.

Entusiasta do movimento de transição da mobilidade nos grandes centros urbanos, o presidente do Lactec, Luiz Fernando Vianna, participou dos test drivers de lançamento, junto com outros diretores e a idealizadora do projeto.

A originalidade da iniciativa do Lactec está na concepção do modelo corporativo de uso, que agrega energia solar para a recarga dos veículos, um sistema de liberação eletrônico com o próprio crachá funcional, além do dispositivo de travamento e carregamento, que foi desenvolvido em parceria com a Emove – startup especializada em micromobilidade elétrica. Todas essas soluções foram criadas para atender, especialmente, à demanda do Lactec.

“Nosso projeto engloba várias tecnologias que fazem parte da essência das cidades inteligentes e são aderentes aos compromissos globais para o desenvolvimento sustentável. Estamos incentivando o uso de energia limpa e renovável e dos transportes alternativos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. É uma provocação para um novo olhar sobre a forma de as pessoas interagirem com o ambiente urbano, causando o menor impacto possível”, pontuou o presidente do Lactec, Luiz Fernando Vianna.

Inicialmente, são oito veículos para uso interno (quatro patinetes e quatro bicicletas), que poderão ser utilizados em trajetos predefinidos, entre unidades do Lactec, que ficam instaladas no Jardim Botânico e no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Jardim das Américas, em um raio de aproximadamente dois quilômetros.

Foram instaladas três estações para recarga das baterias dos veículos. Uma delas é, ao mesmo tempo, uma usina solar fotovoltaica com capacidade de gerar energia suficiente (2 quilowatts-hora) para atender à demanda de todos os 24 pontos de abastecimento. A energia excedente é direcionada para o prédio do Cehpar – unidade do Lactec que reúne as áreas de Hidráulica, Meio Ambiente e Geossoluções.

Como funciona

Os colaboradores fazem um cadastro prévio em uma plataforma digital para que o crachá funcional seja habilitado para o empréstimo dos patinetes e bicicletas. Esse sistema tem comunicação com o totem que fica instalado nas estações de recarga e que será usado para a liberação dos veículos. O funcionário passa o crachá (que funciona como uma etiqueta de identificação por radiofrequência, RFID, na sigla em inglês), digita uma senha e escolhe o número do veículo que será retirado.

A devolução pode ser feita em qualquer uma das três estações, que ficam na Sede, no Cehpar e no Laboratório de Mecânica e Emissões (Leme). O dispositivo que trava as bicicletas e patinetes também funciona como carregador. No mesmo site onde foi feito o cadastro, é possível acompanhar as informações sobre o empréstimo e o mais importante: o quanto de emissões de gases de efeito estufa (CO2 equivalente) foi evitado.

Como nasceu a ideia

A ideia de usar um modal de transporte sustentável entre as unidades do Lactec surgiu entre a equipe de pesquisadores da área de Sistemas Elétricos. A engenheira eletricista Carolina Corrêa Durce, pesquisadora no Lactec há mais de cinco anos, conta que foram vários insights até se chegar à solução do patinete elétrico. Ela apresentou a sugestão ao presidente, Luiz Fernando Vianna, que abraçou prontamente a ideia. Várias áreas da empresa se envolveram na implantação e incrementaram as demais soluções à proposta original.

Carolina lembra que o tema mobilidade elétrica faz parte da rotina de sua equipe de trabalho, que tem estudado, especialmente, os impactos nas redes de energia. Ela destacou a importância das pesquisas do Lactec, pois, para a transição energética na área da mobilidade no país, não basta apenas substituir a frota de veículos convencionais por elétricos. É preciso desenvolver outras tecnologias para suporte a essa nova demanda.

Expertise

O Mobilidade Elétrica Lactec tem um estreito alinhamento com a atuação da empresa. Já são mais de sete anos de pesquisas para promover o avanço tecnológico da eletromobilidade no país. Para a Light Energia (concessionária com ativos no Rio de Janeiro e São Paulo), o Lactec já desenvolveu uma estrutura para recarga de veículos elétricos, dentro de um projeto mais amplo de Smart Grid. Também criou um sistema para a central multimídia do veículo, que auxilia o motorista a localizar pontos de recarga e fornecer outras informações sobre o desempenho, como consumo e autonomia, por exemplo.

O Lactec também foi parceiro da Copel Distribuição no desenvolvimento de eletropostos de carga rápida para veículos, que hoje atendem a maior eletrovia do Brasil, ligando Paranaguá a Foz do Iguaçu. O projeto de pesquisa, ainda em andamento, inclui o desenvolvimento de um sistema de monitoramento remoto de todos os pontos de recarga.

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