Manifesto da sociedade pede a criação do Sistema Único de Mobilidade

Documento é assinado por 145 organizações, movimentos sociais e pesquisadores e propõe soluções para enfrentar o caos no transporte público do país.

Um manifesto pela criação do Sistema Único de Mobilidade – SUM será lançado hoje, 22 de setembro, marcando o Dia Mundial Sem Carro. Ao todo, 145 organizações da sociedade civil, movimentos sociais e pesquisadores do assunto assinam o documento. A proposta surge diante da situação calamitosa da mobilidade urbana no Brasil, aprofundada pela pandemia, e traz soluções para combater as desigualdades, a crise climática e garantir o direito à cidade. Vem, ainda, como uma contribuição para a iniciativa do Governo Federal de criar um novo marco regulatório para o transporte público coletivo no país, que está em debate desde o início de 2022.

Entre os problemas apontados pelo manifesto estão a má qualidade dos serviços de transporte público coletivo e os aumentos constantes de tarifa, o que tem gerado uma diminuição progressiva no número de usuários. Além disso, cita a falta de financiamento para infraestrutura adequada e predominância de políticas públicas que priorizam carros e motos, bem como a falta de transparência sobre os custos das empresas concessionárias e a ausência de controle público e social sobre os sistemas.

© SUM

Para resolver o problema, os signatários propõem a criação de um Sistema Único de Mobilidade nos moldes do SUS – Sistema Único de Saúde e do SUAS – Sistema Único de Assistência Social. A ideia é a construção de um sistema integrado nas esferas federal, estadual e municipal. De acorodo com o documento, o SUM deve ser um instrumento de:

– Equidade: combatendo as desigualdades.

– Universalidade: garantindo acesso universal das pessoas aos espaços e oportunidades das cidades, sem discriminação de qualquer natureza.

– Acessibilidade: incluindo socialmente e garantindo o acesso à mobilidade especialmente para pessoas com deficiência, baixa mobilidade ou restrição de mobilidade.

– Integralidade: promovendo acesso a todas as esferas de serviço da mobilidade urbana, de forma integrada, em uma lógica porta-a-porta, privilegiando a intermodalidade e a integração completa (física, tarifária e operacional), sem restrição de horários.

– Sustentabilidade: combatendo a crise climática e melhorando a qualidade do ar.

Entre as diretrizes orientadoras do SUM estão: participação e controle social deliberativos; promoção da gestão metropolitana e de consórcios entre municípios; linhas de financiamento para infraestruturas voltadas ao transporte público e à mobilidade ativa; financiamento, distribuição de recursos e responsabilidades de forma integrada entre as três esferas de governo: municipal, federal e estadual; integração entre o planejamento urbano e o planejamento da mobilidade urbana; estratégias para a redução do tráfego e uso de veículos particulares; transparência na composição de custos para a correta aplicação de subsídios; transparência e canais de comunicação com a sociedade; produção de dados que norteiem as políticas públicas; e frota limpa e fiscalização da emissão de poluentes. Veja o documento na íntegra: Clique aqui!