Três anos atrás alguém imaginava que seria possível encontrar patinetes ou bikes em qualquer lugar da cidade, usar o celular para desbloquear e ir até o trabalho com ele? Startups de tecnologia estão transformando a realidade da mobilidade urbana nas grandes cidades com a oferta de serviços desde o compartilhamento de veículos até soluções para driblar os congestionamentos.

Uma delas é a TemBici, startup que surgiu há sete anos dentro da Universidade de São Paulo (USP) e oferece aluguel de bicicletas e patinetes. Tomas Martins, CEO da empresa, exalta o crescimento das viagens: “Em 2012, a TemBici era um sonho de dois recém-formados de querer as bicicletas no dia a dia das cidades brasileiras. Sete anos depois, realizamos, por exemplo, mais de 4 milhões de viagens apenas nesses primeiros 100 dias de 2019”, comemora.

Um estudo da TemBici aponta que o aplicativo Bike Sampa cresceu 2.432% entre fevereiro de 2018 e janeiro de 2019. Os usuários mantêm uma média de 41 minutos de pedaladas nos dias de semana. Martins afirma que, em São Paulo, 90% das pessoas que utilizam as bicicletas compartilhadas fazem uso diário. Outro dado do levantamento evidencia a relevância da integração com outros meios de transporte: 40% da utilização do sistema começa ou acaba em uma estação ou terminal de trem ou metrô.

Guillermo Petzhold, especialista do WRI Brasil, reconhece a importância da popularização de aplicativos como o BikeSampa, mas faz um alerta: “Uma solução sozinha não conseguirá atender a todos”. Para Petzhold, é importante que a cidade ofereça um sistema de transporte integrado, onde, por exemplo, a pessoa possa acessar diferentes tipos de modais com o mesmo cartão – o que ocorre de forma parcial no Brasil.

Nesse sentido, a tecnologia pode ser uma ferramenta importante para ajudar as pessoas a conhecerem melhor suas opções de transporte. Já há empresas que oferecem soluções para quem usa ônibus, como é o caso do Moovit. Desenvolvida por uma startup israelense, a plataforma disponibiliza informações de transporte público aos usuários. De acordo com as estatísticas da empresa, as pessoas viajavam em média 8,1 quilômetros de ônibus por dia em São Paulo, gastando cerca de 91 minutos diários dentro do transporte coletivo.

Outra alternativa popular, mas que já viveu grandes polêmicas no Brasil, são os aplicativos de transporte individual por carros. Diferentes regulamentações municipais chegaram a ser propostas para eles, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, em maio, inconstitucionais leis que proíbem esse tipo de transporte. Para os ministros da corte, o serviço faz parte da livre concorrência.

A tecnologia em prol da melhora da mobilidade urbana nos grandes centros também funciona a partir da colaboração de usuários. O Waze é um aplicativo que auxilia os condutores de automóveis a buscarem melhores caminhos e a escapar dos engarrafamentos. Ou seja, outros condutores compartilham entre si, rotas, tráfegos, pardais e outras informações pelo aplicativo, fazendo assim com que quem o utiliza possa chegar ao seu destino com mais segurança e tranquilidade, evitando pontos de congestionamento ou grande fluxo.

Com diversas modalidades e facilidades, os apps ganharam as cidades e ajudaram a melhorar a mobilidade urbana no Brasil. Em uma pesquisa com mil usuários de internet, o site eCMetrics constatou que 64% dos brasileiros têm algum aplicativo de serviço de transporte. Com cada vez mais opções de meios de transporte oferecidos digitalmente, também aumentou o número de apps que as pessoas têm em seus smartphones para decidir como se deslocarem.

Mas ainda são necessárias adaptações para que eles tenham condições de melhorar ainda mais a mobilidade nas metrópole: “Cabe agora ao poder público oferecer incentivos para que o novo se integre ao tradicional de forma que eles se complementam ao invés de competir. Isso possibilitará oferecer mais uma opção de transporte à população e a fazer com que a inovação também ajude a cidade a atingir as metas estabelecidas em seu plano de mobilidade”, afirma Petzhold.

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