Bike sem Barreiras se consolida como opção de inclusão e lazer a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida

Com bicicletas adaptadas, Bike sem Barreiras faz parte do Rota Acessível, projeto-piloto de configuração de rotas totalmente acessíveis.

A psicóloga Hermania Queiroz não pedalava há 20 anos. Deficiente visual, a atividade estava presente apenas na lembrança dos tempos em que brincava e andava de bicicleta no quintal da avó. Essa realidade mudou há dois meses, quando o Bike sem Barreiras começou a ser realizado na Capital. “Como eu conhecia o espaço do quintal, que era uma reta, eu podia pedalar sozinha, mas faz muito tempo isso. Esse projeto é uma oportunidade de lazer e inclusão, espero que todos como eu possam aproveitar”, afirma. O Bike sem Barreiras chegou a Fortaleza por meio de uma parceria da Uninassau com a Prefeitura, por meio da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). Com cinco edições já realizadas, a iniciativa evidencia, neste 03 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, uma nova realidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida por meio das bikes.

O Bike sem Barreiras permite inclusão, lazer e aproveitamento do espaço público de Fortaleza – © Divulgação

O projeto ocorre quinzenalmente e permite que essas pessoas possam passear e aproveitar o espaço público da Cidade. “Se Fortaleza é referência no uso da bicicleta, a ideia é incluir todos interessados, sem distinção, à prática de esporte e lazer”, destaca a superintendente da AMC, Juliana Coelho.

São três modelos diferentes de bicicletas adaptadas. Uma handbike, que é um triciclo adaptado para ser pedalado com as mãos; uma bicicleta dupla, pedalada por uma pessoa com deficiência visual e pelo monitor ou acompanhante; e a ‘The Duet’, uma bicicleta adaptada com uma cadeira de rodas no lugar da roda dianteira, voltada para usuários com tetraplegia ou deficiência múltipla com até 120 quilos.

Os usuários contam com o suporte de profissionais e alunos do curso de fisioterapia da Uninassau, disponíveis para orientá-los e, quando necessário, conduzir as bicicletas. “Queremos continuar despertando nas pessoas com baixa ou nenhuma mobilidade o prazer em participar de uma atividade de lazer, que neste caso é andar de bicicleta. É gratificante podermos proporcionar a estas pessoas momentos de lazer com qualidade e gratuitamente”, destaca o reitor da Uninassau Fortaleza, Marcus Pontes.

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista também podem participar. A tenda do Bike sem Barreiras funciona ao lado do Centro Cultural Belchior e em frente ao projeto Praia Acessível. Para participar, o cadastro deve ser realizado diretamente no local e nos dias do evento. A próxima edição será no dia 11 de dezembro, de 9h às 13h.

Rota Acessível

O Bike sem Barreiras faz parte do projeto-piloto Rota Acessível. Idealizado pela Coordenadoria Especial da Pessoa com Deficiência (Copedef), vinculado à Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), em parceria com a Secretaria Municipal da Gestão Regional (Seger), a iniciativa é um projeto de configuração de rotas totalmente acessíveis, que podem ser utilizadas por pessoas com diferentes deficiências. Para a estruturação do projeto, estão sendo implementadas melhorias para tornar a Capital mais acessível, inicialmente no primeiro trecho da rota, que vai do Mercado dos Peixes (Meireles) ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Praia de Iracema). A adaptação inclui calçadas largas, rampas de acesso, trânsito calmo e sinalização adequada.

Conforme o titular da Copedef, Emerson Damasceno, o projeto-piloto Rota Acessível faz parte da busca pela certificação internacional, a Organização Internacional de Padronização (ISO) 21902, que é um padrão internacional com as melhores práticas para que todas as pessoas possam desfrutar do turismo em igualdade.

Emerson ressalta, ainda, a importância de uma política coordenada e integralizada entre diversos atores da gestão municipal. O objetivo principal é garantir cada vez menos barreiras e o protagonismo da pessoa com deficiência em sociedade. “Uma cidade se torna cada vez mais justa e inclusiva quando todos os seus atores participam dela, por isso mesmo as políticas públicas atuais trabalham e focam na riqueza que é uma sociedade múltipla e diversa”.

Fonte:  amc trânsito bikes Mobilidade Urbana inclusao social