‘Bicicultura’: evento nacional debate bicicletas na mobilidade urbana em Belém

Belém sedia a edição deste ano, do Bicicultura, que tem como tema “Pedalar é preciso. Amazônia, necessária!” destacando a importância da Amazônia no atual contexto. O evento segue até 10 de julho, na Fundação Cultural do Pará (Centur).

Começou nessa quinta, (07) em Belém, o Bicicultura, Encontro Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta e Cicloativismo, que é o maior evento anual de celebração do uso da bicicleta nas cidades brasileiras, liderado pela União de Ciclistas do Brasil (UCB). 

Márcio Nagano / O Liberal

O papel da bicicleta em meio ao debate sobre mobilidade urbana no país é o centro da convenção, que reúne coletivos de ciclistas, pesquisadores e militantes do Brasil inteiro.

O evento seguiu com uma série de palestras e oficinas ao longo do dia, no prédio da Fundação Cultural do Pará (Centur). A mesa de abertura contou com representantes da Comissão de Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), da Prefeitura de Belém, da União de Ciclistas do Brasil e Coletivo ParáCiclo.

Rafael Calábria, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), veio de São Paulo para o evento. Ele deve participar de uma palestra que vai debater novas propostas de mobilidade urbana.

“O país está passando por um momento de re-debate da política de mobilidade nas cidades, e é importante ter os cidadãos, os usuários de bicicleta, mobilizados para promover um debate e defender melhorias para o cotidiano desse meio de transporte tão importante, que é acessível, barato, não poluente, saudável e sustentável para as cidades”, defende Rafael.

O representante do Idec pontua ainda que a relevância de ter a bicicleta no centro de debates sobre mobilidade urbana, deve estimular uma mudança de percepção das necessidades dentro da pauta. 

“As cidades no país têm uma visão muito atrasada em relação ao transporte, uma visão muito centrada no carro, e aí tanto o transporte coletivo, como quem anda a pé ou de bicicleta, é muito precarizado pelos gestores. Acaba que o orçamento e as políticas públicas focam muito no uso do carro, como em viadutos, recapeamento asfáltico e políticas de estacionamento”, argumenta.

Glaucia Pereira, diretora da Multiplicidade Mobilidade, também participa do evento. Ela, que veio de Fortaleza, explica que há outro ponto importante sobre o debate do uso de bicicleta em um evento realizado na Amazônia: a agenda climática.

“A gente sabe que hoje os transportes são responsáveis por mais de 50% das emissões [de CO2] nas cidades, então a bicicleta vem somar nessa situação. A gente sabe que ela dá autonomia para as pessoas, que não precisam comprar combustível, não precisam esperar ônibus. Então estar nesse evento faz com que a gente traga a bicicleta também para a pauta de mudanças climáticas, principalmente”, explica Glaucia.

Ainda sobre a relevância do debate sobre o estímulo e viabilização do uso de bicicletas nas cidades, Glaucia relembra que o meio de transporte passou por uma virada no período da pandemia de coronavírus. 

“Durante a pandemia, pela primeira vez na pauta de transportes teve uma indicação de que não era para as pessoas usarem o transporte coletivo, que elas precisavam se virar por causa do vírus. E muitas pessoas no Brasil adotaram a bicicleta, somada a essa situação econômica que o país está agora”, completa Glaucia.

A programação completa está disponível no site coletivoparaciclo.org.

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