Ameaçada de extinção, arara “pega carona” com ciclistas e faz sucesso com quem passa pelo local

Era para ser mais um dia de pedalada normal para o ciclista Jader Melo de Oliveira, de 29 anos. No entanto, após alguns quilômetros sobre a bicicleta, ele recebeu em seus ombros uma visita especial.

Uma arara-canindé, espécie que está ameaçada de extinção, decidiu acompanhá-lo durante o passeio, na Vicinal João Luiz Bertolo, no bairro Três Porteiras. O local fica a cerca de 4km do trevo de Flórida Paulista (SP).

A aparição da ave é frequente por lá, mas essa foi a primeira vez em que a arara-canindé, carinhosamente chamada de Lala, pegou uma carona com Oliveira.

“A Lala é livre pelo local, sempre aparece pelas redondezas do bairro. Ela acompanha a grande maioria dos ciclistas e tornou-se atração, uma nova companhia”, disse o ciclista.

O passeio com a ave ocorreu pela primeira vez no dia 22 de agosto.

© Leonardo Testa Suzano

“Foi uma experiência incrível. Sabia sobre a companhia extraordinária pelo local, mas nunca tinha vivenciado. O contato com a natureza, com uma arara-canindé linda, vivendo solta pelo local, renova as nossas energias e confirma o quanto a natureza é fantástica”, contou Oliveira.

O praticante, que é de Adamantina (SP), mas que costuma pedalar pela região, iniciou o ciclismo por conta da pandemia do novo coronavírus. Com o incentivo para exercícios ao ar livre, ele contou que foi o esporte com que se identificou e hoje não se vê sem os pedais, fazendo parte da equipe Pedal da Terceira Idade. A experiência ficou ainda melhor com a companhia de Lala.

“O pessoal do bairro nomeou-a assim. Lala vive livre. Entretanto, o pessoal costuma fornecer alimentação adequada quando ela aparece pelo bairro. Devido a isso, sua aparição é frequente por aquela região”, explicou Oliveira.

A arara costuma sempre estar pelo local e, conforme os ciclistas vão passando, ela os acompanha e deixa todos admirados com sua beleza.

Como mostram as imagens, destemida e corajosa, Lala não se intimida e aproveita o passeio. Às vezes, ela fica nos ombros do ciclista e outras no capacete. Em alguns momentos, ela voa ao lado, enquanto ele pedala. Não importa como e onde, ela se faz presente e transforma a prática do esporte em uma experiência inesquecível.

Espécie ameaçada de extinção

A arara-canindé (Ara ararauna) é encontrada, no Brasil, desde a Amazônia até o Paraná, além do Panamá, da Colômbia, das Guianas, do Equador, do Peru, da Bolívia, do Paraguai e da Argentina.

A espécie, que está em perigo, ameaçada de extinção, alimenta-se de frutas e sementes, em sua maioria de palmeiras.

Tem um período de incubação de aproximadamente 28 dias, botando de um a três ovos.

Ave que traz na plumária as cores da bandeira do Brasil, a arara-canindé, também conhecida como arara-de-barriga-amarela ou simplesmente arara-amarela, está ameaçada de extinção.

Talvez uma das razões seja o fato de ela deslocar-se a grandes distâncias durante o dia, entre os locais de descanso e de alimentação, e ser, por isso, uma presa fácil.

Quando esses animais são caçados para a venda, as árvores com os ninhos costumam ser derrubadas. Isso não só prejudica a reprodução de diversas espécies de aves que utilizam o mesmo ninho em épocas reprodutivas diferentes, como altera por completo o habitat desses animais.

A arara-canindé costuma fazer seus ninhos em buracos no tronco, onde põe seus ovos. Os filhotes permanecem no ninho até a 13ª semana, período no qual são alimentados pelos pais, que regurgitam a comida em seus bicos.

O bico forte dessas aves costuma ser usado também para ingerir pedrinhas, que auxiliam na trituração de sementes de algumas das palmeiras que fazem parte da dieta dessas araras. É o caso de buriti, tucum, bocaiuva, carandá e acuri.

As araras-canindé são consideradas “predadoras” de algumas palmeiras, porque, ao triturarem suas sementes, impedem a dispersão destas plantas. Mas, desde a chegada dos portugueses ao território do país, as araras, bem como papagaios, periquitos, jandaias e maracanãs, são responsáveis pela alcunha dada ao Brasil de “Terra dos Papagaios”.

Geralmente elas voam em pares ou grupos de três indivíduos. A mesma combinação é mantida quando estão em bando (de até 30 indivíduos). Em cativeiro, chegam a durar 60 anos.

© Leonardo Testa Suzano

Fonte: G1 Presidente Prudente