Desde fevereiro de 2018 que Mark Cavendish não vence uma corrida. O sprinter britânico, que ingressou este ano na Bahrain-McLaren, deu a conhecer os problemas de saúde que enfrentou nos últimos dois anos, o principal dos quais uma grave depressão.

«Não só estive mal da minha saúde física, como lutei bastante contra uma depressão durante esse período. Foi diagnosticada em agosto de 2018, estive mal, mas agora estou do outro lado. Ultrapassei esse período doloroso e procuro o lado bom da vida», afirmou Cavendish numa entrevista concedida a Bradley Wiggins no Instagram, na qual afirma ter recusado o consumo de antidepressivos para ultrapassar a doença: «Tive pensamentos obscuros, mas não tomei nenhum medicamento e recebi ajudas importantes. Por vezes estava mais cansado do que quando andava de bicicleta. Durante vários anos lutei contra o vírus Epstein-Barr, que não me permitia treinar-me regularmente e me tirava força. Em meados de 2018 surgiu a depressão e agora, com o Covid-19, surge a incerteza de quando poderemos voltar a correr.»

A viver na Ilha de Man, que tem as fronteiras fechadas, na companhia da esposa e dos filhos, Cavendish não acredita que a Volta à França se realize. «Desta vez todos estamos no mesmo barco e ao mesmo nível. Vivemos uma bolha no ciclismo, dificilmente iremos competir este ano e tenho dúvidas de que o Tour e os mundiais se possam realizar.» Quanto a deixar o ciclismo, tranquilizou: «Enquanto puder vou continuar. Já em 2010 as pessoas diziam que estava terminado. Ainda não pensei sobre isso. Quero continuar no ciclismo, mas não sei o que vou fazer. Também quero ficar mais tempo em casa, mas sei que quando parar irei ficar mais gordo.»

«ESTOU A FICAR VELHO»

Das 146 vitórias conseguidas, destaca o título mundial de 2011 e as 30 vitórias no Tour como as mais significativas:

«Hoje o sprint é mais perigoso, mas também sou eu que estou a ficar velho. Dantes acumulávamos quilómetros, agora a velocidade é igual todos os dias e torna-se mais difícil. Ter sido campeão do mundo foi o ponto mais alto da minha carreira. Fui estúpido quando pensei que podia igualar o Merckx e as 34 vitórias que tem no Tour, em vez de valorizar as 30 que conquistei. Já o Kittel foi o único sprinter que me fez pensar em como vencê-lo, porque era uma força pura. Dos novos destaco Caleb Ewan e Sam Bennett.» Prestes a completar 35 anos, em maio, Cavendish tem contrato com a Bahrain-McLaren até final do ano. Mas o pico máximo da potência já o atingiu em 2016. «Nesse ano, na pista, atingi o máximo de 1600 watts. Greipel pode atingir 2000 watts mas chega ao pico e cai. Eu ainda consigo aguentar 1100 watts por 15 segundos. Como sou pequeno corto o ar!»

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