O uso do capacete é essencial para prevenir ferimentos. Isso todos os pais sabem. Porém, na prática, a maioria não toma esse tipo de cuidado. Isso ficou claro numa pesquisa feita pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Dos 1.330 pais de crianças de 4 a 13 anos que responderam a um questionário sobre a segurança dos filhos sob rodas, 18% disseram que o filho nunca usa capacete em um passeio de bicicleta e 50% dispensavam o equipamento no uso do skate.

Em relação às bicicletas motorizadas, também conhecidas como scooters, o número é ainda pior, 61%. Os dados são da Pesquisa Nacional do Hospital Infantil CS Mott, ligado à Universidade de Michigan. O pediatra Gary Freed, que conduziu o estudo, alerta que os capacetes são vitais para a prevenção de ferimentos na cabeça, caso a criança caia ou até mesmo seja atingida por um outro veículo. “É muito preocupante que tantas crianças andem de bicicleta e outros meios sob rodas sem nunca usar capacetes”, afirma.

E não para por aí. De acordo com um relatório publicado em 2017 — com dados de 2015 —, pela Safe Kids Worldwide e pelo programa Make Safe Happen da Nationwide, ambos dos Estados Unidos, mais de 426 mil crianças (o equivalente a 50 crianças por hora — quase uma por minuto!) foram levadas ao departamento de emergência devido a lesões relacionadas aos esportes. A pesquisa também analisou como as crianças reagiram a outras normas de segurança em relação ao uso de bicicleta, skate e scooters. A maioria dos pais (93%) disse que o filho dá o direito a passagem a outros. 82% disse que as crianças param a bicicleta nos sinais de parada. No entanto, a maioria dos pais também reconheceu que os filhos não fazem sinais manuais ou andam de bicicleta pelas faixas de pedestres. 

“Infelizmente, um número significativo de pais relatou que seus filhos não seguem consistentemente as estratégias básicas de segurança sob rodas”, diz o pediatra. O relatório sugeriu que as famílias devem tomar mais precauções para garantir que as crianças estejam seguras, incluindo o uso de capacetes e a compreensão das normas de segurança nas ruas. 

Onde as crianças mais andam de bike?

A maioria (73%) dos dos pais, cujos filhos andam de bicicleta, disseram que eles utilizavam as calçadas. Parques ou trilhas eram o destino de 59% deles. 42% das crianças andam em ruas sem ciclovias, e apenas 11% utilizam as ciclovias. As crianças mais velhas (com idades entre 11 e 13 anos) são mais propensas a andarem na rua (com ou sem ciclovias), em comparação com crianças mais novas (com idades entre 4 e 10 anos).

Também foi observado que quanto menor a criança, maior é a precupação dos pais em relação ao uso do capacete. Porém, nem todas as famílias aplicam uma regra rígida para o equipamento de segurança. 

Como reforçar a segurança?

Mais do que apenas colocar o equipamento, é preciso observar se ele se encaixa perfeitamente na cabeça. No Brasil, a ONG Criança Segura reafirma que o capacete deve ser usado sempre! “O ideal é que fique centrado na parte de cima da cabeça, sem balançar para frente, para trás ou para os lados. As correias devem mantê-lo firme, mas sem apertar a criança”, diz as informações oficias do site. Confira, abaixo, outras dicas da ONG para reforçar a segurança no momento da brincadeira.

Supervisão de adultos: é muito importante que a criança esteja acompanhada de um responsável durante os passeios, especialmente até dominarem a condução da bicicleta e as regras de trânsito. Não permita que meninas e meninos saiam de bicicleta sozinhos enquanto não tiver certeza de que eles estão aptos para isso.

Diálogo e exploração do ambiente durante o trajeto: aproveite esses momentos para passar um tempo de qualidade com a meninada. Converse bastante com os pequenos nessas ocasiões, mostre o entorno, pássaros, animais e árvores. Aproveite a situação e explique as regras e comportamentos seguros no trânsito.

Locais dos passeios: os espaços mais seguros para andar de bike com uma criança são ciclovias, ciclofaixas e locais sem circulação de veículos, como parques, praças e ruas fechadas. Não deixe que ela circule próximo a piscinas, sacadas, garagens e locais onde haja entrada e saída de veículos. Caso não tenha uma ciclovia ou ciclofaixa por perto, deixe a criança seguir na sua frente e fique atento a ela e ao trânsito. Dê prioridade às vias com baixas velocidades máximas e ruas sem trânsito de ônibus e caminhões.

Comportamento seguro: peça às crianças que, enquanto pedalam, mantenha total atenção no trânsito e fiquem sempre ligadas ao que acontece à sua volta, como ao comportamento dos motoristas, pedestres e sinais de trânsito. Nada de usar o celular ou fones de ouvido!

Regras de trânsito: ensine às crianças sobre as regras e sinalização de trânsito e explique que elas devem ser sempre seguidas. Além disso, aconselhe-as a andarem sempre à direita dos veículos, no sentido do trânsito e usar sinais de mão apropriados para aviasarem aos outros motoristas sobre seus movimentos. 

Manutenção da bicicleta: a manutenção deve ser realizada periodicamente, verificando se os pneus estão firmes e devidamente cheios; se os freios funcionam perfeitamente; se as marchas movem-se com facilidade; e se não há nenhuma peça folgada. Assim, você não dará espaço para nenhum imprevisto.

Confira no vídeo abaixo, mais informações sobre como garantir a segurança das crianças enquanto transitam pela cidade — seja a pé, de bicicleta ou de transporte público

Lembrando que a ONG Criança Segura incentiva que crianças andem de bicicleta, que é ótimo para o desenvolvimento motor, social e emocional de meninas e meninos, além de auxiliar no desenvolvimento da autoestima, autoconfiança, independência, autonomia, iniciativa, equilíbrio e coordenação motora.

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