Fomos chegando de carro, órfãos das bikes, paletós, pés perdidos sem as sapatilhas, esposas, companheiras, nenhum capacete, cabelos ajeitados, brincos, casacos, paetês, alguma grife, um cheiro outro que não era o do suor, da terra e do mato. Renata, não. Chegou pedalando, cortando o frio com seus cabelos de fogo, seu viço.

Évidence, Paulinho na porta, receptivo, tenso, sorriso de criança, amigo, efusivo, dono da história.

Amigos, lembranças, toques, choques de emoção, tempos idos presentes, ausentes também ali.  As camisas perfiladas, mais estradas, mais momentos. Tenho estas, aquelas não vivi. Quem as viveu? Quem trilhou nas estradas que não trilhei? Quantos não trilharam as tantas que já trilhei?

Imagens no telão, estou por ali, estive por ali.

Me surpreendo com o tamanho da estrada. A minha, que aos 10 anos comecei a trilhar, década de 40, foi abrindo rumos, desembocando nas estradas do Sampa Bikers, do Vila, do Olavo, da Renata e tantas outras estradas no pedalar da minha vida.

Oscars, medalhas, imagens contidas, histórias e emoções embargadas que o peito não gritou, abafado pelo som, alegria, a dança agitando os corpos no ritmo desacostumado pois não era o ritmo do pedal que nos embala a vida, quer na subida mais dura, na descida mais louca ou no plano mais brisa.

Grato Paulinho, grato aos amigos tantos, “Gracias a la vida que me ha dado tanto”…se me permite Violeta Parra.

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