Quem vê Claudia Franco ensinando pessoas a andar de bicicleta, não imagina que esta mulher aguerrida aprendeu a pedalar há pouco tempo, à beira de completar 50 anos! Administradora de empresa e analista de sistemas, Claudia atuou durante 32 anos no segmento de TI (tecnologia da informação) com foco em tecnologia para educação, até iniciar seu empreendimento com a escola de bicicleta Ciclofemini.

Foi em 2010, com 48 para 49 anos, que um amigo a desafiou para uma competição. “Dei risada porque na época eu não sabia nem andar de bicicleta – nunca havia subido em uma bike. Mas a ideia de fazer uma prova de aventura mexeu comigo. Seria algo diferente de tudo o que já havia feito antes. Essa foi a motivação para aprender a pedalar, do zero mesmo. Cinco meses após a primeira tentativa de colocar a bike em movimento, eu já estava em uma competição de mountain biking, o Tour da Patagônia”, relembra Claudia.

No momento de aprender a pedalar, especialmente depois de adulto, há muita insegurança e muitas dúvidas surgem. O medo de cair, de se machucar, de não dar conta, precisa ser vencido ao mesmo tempo em que se adquire habilidade. Com o objetivo de participar do Tour da Patagônia em mente, ela venceu tudo isto e conseguiu completar a prova de 260 km, percorrida em três dias. Depois disso, não parou mais.

Por um ano ainda, Claudia dividiu seu tempo entre o cargo na área de TI e a dedicação ao esporte. Depois desse tempo, ela resolveu criar algo inovador…

© Divulgação/Ciclofemini

O início da escola

No alto da Serra da Bocaina, na divisa do Rio de Janeiro e São Paulo, durante uma cicloviagem, Claudia teve o insight que mudou a sua vida. Ela idealizou um projeto que busca gerar informação sobre a bicicleta e ensinar pessoas de todas as idades a pedalar. Ela diz: “senti que precisava renovar o meu futuro. Comecei a escrever sobre bicicleta e as pessoas curtiram. Então, criei o blog Ciclofemini, que foi um sucesso. Depois, partindo da minha experiência pessoal de começar a pedalar já adulta sem ter a quem recorrer para pedir orientação, montei as aulas e comecei os cursos para ensinar a andar de bicicleta. Mudei o rumo profissional”.

A iniciativa de aprender a pedalar depois de adulta trouxe ensinamentos valiosos para Claudia e a fez entender melhor as dificuldades, anseios e medos de pedalar, o que criou uma bagagem que agora se mostra útil enquanto tutora dos novos ciclistas.

A origem do nome Ciclofemini se deve ao fato do projeto nascer da experiência de uma mulher para outras mulheres. Mas Claudia explica que isso mudou: “Atualmente, a escola tem um perfil de estudantes bastante variado: homens, mulheres e crianças a partir de cinco anos. São pessoas que não sabem pedalar, ou que pedalam mas desejam melhorar as técnicas de pilotagem da bike. Em três anos de escola já colocamos mais de três mil pessoas para pedalar. O aluno mais novo tinha quatro anos e o mais velho, 78 anos”.

Como acontece com todo negócio inovador, muitas pessoas duvidaram que a escola pudesse ser o novo trabalho de Claudia. “Muitos acharam que seria impossível me manter com a escola e duvidaram que o negócio fosse prosperar. Tenho que trabalhar muito, de domingo a domingo, e tenho menos tempo do que quando trabalhava com informática. A carga horária é grande e o desgaste físico também. Em compensação, faço o que gosto. Se antes meus clientes eram empresas, hoje, trabalho com pessoas, ajudando-as a superar uma série de medos e obstáculos, colaborando para que melhorem a autoestima”, comemora.

© Divulgação/Ciclofemini

O método de ensino

Segundo Claudia, “a Ciclofemini tem um método de ensino exclusivo. Fazemos com que o aluno tenha a melhor experiência na primeira hora/aula. A grande maioria das pessoas que não sabe pedalar aprende em uma ou duas horas de aula. Por isto, é comum muita gente vir de outros estados, pois em apenas três dias, com duas horas/aula por dia, a pessoa volta apta a pedalar por parques, ciclovias e ciclofaixas. Atendemos portadores de necessidades especiais. Já passaram por nossa escola crianças com síndrome de down, crianças autistas, hiperativas e com déficit de atenção. O aluno conta com todos os recursos para participar da aula, como bicicletas de alta qualidade, assim como capacete também.”

Com base em São Paulo, os cursos da Ciclofemini são ministrados nos parques Ibirapuera e Villa Lobos. Mas os participantes vêm de todos os estados do país. Já passaram pela escola alunos do Pará, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Ceará, Alagoas e Bahia. Também, alunos do Chile, Argentina, Inglaterra e Austrália. Os cursos podem ser ministrados fora de São Paulo, para turmas e grupos fechados.

Dentre os diversos cursos oferecidos estão o Pedal Aprendiz, para quem não sabe pedalar ou para quem quer aprimorar suas técnicas. O curso Pedal Urbano, para quem quer aprender a pedalar nas ruas da cidade, usando a bicicleta como meio de transporte. Curso de mountain biking para iniciantes, curso de pilotagem de bicicleta de estrada, curso de mountain biking avançado com técnicas de bike trial e curso de mecânica de emergência para reparos rápidos da bicicleta também são disponibilizados. Claudia diz que “a procura pelos cursos tem sido excelente. Mesmo as pessoas que aprenderam quando criança, percebem que a pilotagem da bike requer técnica para pedalar com conforto e segurança e passam a nos procurar para melhorar o conhecimento e desenvolver habilidades. Além dos cursos, ministramos palestras a respeito de cicloviagens, palestras para desmistificar informações a respeito da bicicleta e sua prática, e palestras motivacionais”.

© Divulgação/Ciclofemini

Objetivos alcançados!

Claudia afirma que o principal objetivo, desde o começo, é trazer novos adeptos para o mundo da bicicleta e fazer com que as pessoas conheçam o prazer e os benefícios dessa prática. “Assim como resgatei minha autoestima depois que passei a pedalar, meu objetivo é fazer com que as pessoas também tenham o mesmo sentimento. Para isso, buscamos ensinar, aculturar as pessoas para a utilização correta da bicicleta, motivar e inspirar as pessoas para os mais diversos tipos de uso, seja para lazer, prática esportiva ou como meio de transporte. Levá-las a refletir a respeito do estilo de vida e questões de mobilidade urbana. A bicicleta e a prática de pedalar são ferramentas educativas. Através das aulas da nossa escola, disseminamos ideias a respeito de sustentabilidade, cordialidade, gentileza e ética”, afirma.

O retorno é imediato, tanto para os alunos, quanto para Claudia, que diz: “acredito que despertamos nas pessoas uma nova forma de encarar a bicicleta e a prática de atividade física. O aluno vem para aprender e sempre atinge os objetivos. Quando a pessoa se percebe capaz ela se entusiasma, motiva-se e muitos passam a usar a bicicleta com frequência. Algumas tiveram mudanças significativas em seus estilos de vida, como perder peso, praticar esporte com frequência, passar a usar a bike como meio de transporte. Tudo isso é muito gratificante, é uma satisfação e uma enorme emoção perceber que somos agentes de mudança. Tornamo-nos formadores de opinião. Fazemos um efeito multiplicador. Com mais de três mil novas pessoas pedalando, também estamos gerando demanda para os mais diversos segmentos do mercado e reivindicando infraestrutura na cidade, eventos etc”.

A mudança de rumo na vida pretendida por Claudia também foi alcançada. “Aprender a pedalar foi um divisor de águas, um grande marco em minha vida. Realizei-me como profissional. Tenho o prazer de entregar aquilo que meus clientes pedem. O valor do meu trabalho é reconhecido por eles e pela indústria que me apoia. Neste envolvimento com a bicicleta conheci meu grande companheiro que é triatleta e que agora também trabalha comigo. A minha vida passou a ter muito mais sentido, pois ajudo as pessoas a realizarem o sonho de aprender a pedalar. Através da bicicleta me tornei uma pessoa melhor, mais feliz, mais saudável e mais equilibrada! Por isto, a bike é tudo para mim!”, finaliza.

© Divulgação/Ciclofemini