Sempre que penso em me deslocar de um lugar para outro, seja por qualquer motivo, reflito: dá pra ir pedalando? Pois já não é mais a questão da problemática do trânsito nas cidades, nem o óbvio medo que as pessoas têm de se arriscar pelas ruas, mas tão somente por uma questão de estilo de vida.

Pedalar se tornou implicitamente o primeiro pensamento de quem resolveu adotar um estilo de vida mais saudável e livre. Essa liberdade precisa nos impulsionar!

Vamos definir um pouco o que é liberdade? Conforme a Wikipédia, liberdade, em filosofia, pode ser compreendida tanto negativa quanto positivamente aplicável. Sob a primeira perspectiva denota a ausência de submissão, servidão e de determinação; isto é, qualifica a independência do ser humano (muitas vezes confundida como anarquia). Também é liberdade a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional; elemento qualificador e constituidor da condição dos comportamentos humanos voluntários.

“… elemento qualificador e constituidor da condição dos comportamentos humanos voluntários”. Perceba a beleza dessa fala. Não estamos tratando aqui de imposição de vontades, mas de atos voluntários. Muitos de nós nos envolvemos com muitas ações voluntárias com a proposta de ajudar os outros, e esquecemos de cuidar de nós mesmos e do meio em que vivemos,nos fortalecendo de tal forma a estarmos mais capacitados a ajudar os outros em suas necessidades reais de forma mais significativa, e a dúvida permanece firme: as correntes que nos prendem são as mesmas que nos unem?

Parece um tanto complexo, mas veja a cidade e nossa vida com outras lentes! Quando pensamos no nível de consumo ao qual somos submetidos, percebemos o quanto somos escravos, presos, detentos de nós mesmos e de nossos vícios.

Quer uma prova concreta? Dê uma ida ao check in de embarque de qualquer aeroporto, e veja a quantidade de coisas que as pessoas levam a uma viagem curta. Ou vá a qualquer escola, abra a mochila de nossas crianças e enumere a quantidade de coisas que eles levam sem a menor necessidade. Apenas pelo medo de faltar algum item, ou pra mostrar para outros que temos recursos suficientes para não precisar da outra pessoa. Levamos isso pra vida adulta e quando temos idade e dinheiro suficiente pra adquirir um carro, transferimos esse comportamento a tudo o quanto fazemos. Fica a reflexão: somos verdadeiramente livres ou escravos? As correntes que nos prendem só servem pra nos prender ou nos unir a outros?

“Liberdade… elemento qualificador e constituidor da condição dos comportamentos humanos voluntários”

Pense nisso…Pense nas correntes da bicicleta. Ela nos une e nos liberta.

Viva Bicicleta!