Therbio Felipe entrevista Ricardo Martins.

Ele está com o pé na estrada, novamente. Aliás, pé, corpo, mente e alma. Ricardo Martins, conhecido pelo livro Roda América e por atribuir nomes de profundo simbolismo literário em suas bicicletas, irá partir para dar a volta ao mundo, desta vez, tendo como companheira uma bicicleta de bambu, chamada Dulcinéia. Ficamos felizes em poder entrevistá-lo antes da partida e compreender mais sobre esta empreitada denominada Roda Mundo.

T. Hora de pegar a estrada novamente, Ricardo. Anos atrás, em 2007, você realizou uma inusitada cicloviagem pela América do Sul ao sair de casa com apenas R$ 385,00. Tal experiência gerou o livro Roda América – Em busca de nossa gente. Agora, o mundo espera por suas pedaladas. Como surgiu a ideia?

R. Por um segundo, antes de dobrar a última esquina para concluir o Roda América, pensei em passar direto e seguir rumo à volta ao mundo, mas percebi que não era ainda a minha hora. Faltava absorver e processar melhor tudo o que eu tinha vivido pela América do Sul. Eu simplesmente não me sentia preparado o suficiente, tanto por ter mais a aprender com o que vivi quanto por precisar de mais bagagem para absorver melhor o que viria. Eu precisava me preparar mais.

Quando digo “me preparar”, não falo apenas fisicamente, era coisa de encerrar um ciclo completamente antes de iniciar outro, e havia muita coisa para fazer no Roda América. Eu queria, primeiro, escrever o livro, cuidar das palestras, viajar de outras maneiras a outros lugares, fazer trabalho voluntário. O Roda América abriu muitas portas com as quais fui me perdendo e me encontrando, mas para isso eu tinha que entrar em cada uma delas por vez e ir até o final.

Precisei estudar mais sobre o que me cercava para entender melhor ainda a realidade que vivi. Resolvi fazer outra faculdade, de Ciências Sociais, para depois estudar mais sobre mobilidade urbana, entender sobre o uso da bicicleta. Estudei mais, entendi melhor a minha forma de viajar e processar o mundo ao redor, e só depois disso posso dizer que me sinto preparado.

© Ricardo Martins

T. Você se auto-intitula “avesso à inércia”. À época que realizou o Roda América, você tinha vinte e poucos anos e muita curiosidade de ver e sentir esta experiência de pedalar sem destino. O que mudou do Ricardo daquela fase para o de agora?

R. Continuo avesso à inércia, com toques não tão sutis de megalomania (risos). A base que originou as duas viagens é que passei a viver de acordo com o que acredito, fazendo o que quero, com quem quero e onde quero. Essa mistura vai variando, e em cima disso os novos desafios vão surgindo, sempre sobre a mesma base, que tento deixar da forma o mais consistente possível. A partir disso, posso notar grandes mudanças que foram direcionando as minhas próximas escolhas. Creio que posso dividi-las em várias escalas.

No mundo do trabalho, passei a não ver tanto sentido em, simplesmente, gerar dinheiro para quem já tinha muito, e em troca ganhar uma pequena parcela daquilo. Acho que me perguntei: “o que eu faria da vida se o dinheiro não fosse importante?”, e com isso fui refazendo as escolhas. Penso que me sinto mais rico agora, não por ter mais, senão apenas por precisar de menos. Se antes eu ganhava 100 e precisava de 150 para viver bem, sou mais rico ganhando 30 e precisando de 15. Aprendi a viver com menos, a direcionar os meus desejos de acordo com fatores mais consistentes. Deixei o marketing um pouco de lado (minha primeira carreira) e aos poucos fui para o lado do Meio Ambiente e da Sociologia.

Na parte psicológica, a principal diferença é que me sinto muito melhor comigo mesmo e me conheço muito mais. Fiquei muito tempo sozinho na estrada, tive tempo de sobra para pensar sobre o que se passava ao redor e internamente comigo. Hoje, sou uma ótima companhia para mim mesmo! Nunca falta assunto, me divirto, brigo, vivo melhor o mundo aqui dentro, não fico tapando esse buraco com um monte de distrações. Fora isso, aprendi a valorizar mais o meu tempo, ainda que seja para passar o dia estudando, trabalhando, lendo quadrinhos ou conversando com os amigos. Não é que eu evite perder tempo, apenas a minha relação com ele mudou sensivelmente.

Na viagem, a diferença também é considerável. No Roda América, eu era o cara que nunca tinha saído de bicicleta da própria cidade e pretendia conquistar um continente. Nem mesmo meus amigos acreditavam tanto assim em mim. Com o Roda Mundo, me dão mais credibilidade, então, mais gente compra esse sonho junto comigo. Antes, eu tive que provocar uma grande cisão de estilo de vida, e agora eu já fui moldando pouco a pouco os desafios ao estilo que eu já vinha adotando. Foi bem diferente a transição, mais tranquila. Fora isso, noto que a viagem, neste momento, apresenta mais peso, retrospecto, conquistas prévias, não é mais só “O Ricardo viajando por aí”. Percebo no Roda Mundo um peso institucional maior.

T. Qual é o mote de sua nova cicloviagem denominada Roda Mundo? Qual o roteiro inicial? Que resultados você espera alcançar, além de cumprir esta pedalada ao redor do planeta?

R. Em resumo, o Roda Mundo é um projeto de volta ao mundo em uma bicicleta de bambu, para descobrir culturas, aproximar pessoas e encontrar novas soluções de mobilidade urbana pelos cinco continentes.

De tudo isso acima, há um grande diferenciador na viagem: Dulcinéia, minha querida donzela de bambu, a popstar do Roda Mundo. Graças a ela, as pessoas se sentem mais curiosas, se aproximam com mais facilidade, as relações são mais naturais, creio que ela estimula admiração sem estimular cobiça, é lindo de ver! Ela é a estrela dessa viagem, eu sou apenas o condutor. As relações ficam menos comerciais e mais humanas, o que é ótimo para alguém como eu, que viaja em busca de pessoas.

Além do mais, há um lindo projeto de mobilidade urbana envolvido, com o pessoal da UFRJ e da ONG Transporte Ativo. Estamos estruturando formas de coletar dados sobre o uso da bicicleta como meio de transporte por todo o mundo, consultando o poder público, instituições de ensino, líderes locais e ONGs. Estamos mapeando rotas de cicloturismo em escala mundial, para munir estudos futuros, está lindo de ver!

Sobre o roteiro, o considero bastante flexível, então, no máximo, eu sei o continente seguinte por onde quero ir. Começo da África do Sul, em Cidade do Cabo, depois devo ir cruzando a África sentido leste, rumo ao Oriente Médio e ao Sudeste Asiático, até chegar na Oceania. De lá, volto pelo interior da Ásia, cruzando depois a Europa, descendo por último pelas Américas até chegar de volta ao Brasil. Bem, tudo isso pode mudar, não me pressiono tanto com isso.

Como resultado, aprendi a não esperar algo grande, é um exercício complexo e constante. Ao invés de projetar uma grande viagem, quero uma “viagem”, e com isso ela pode se tornar grande ou não, não é o foco principal. Quero viver bem, descobrir coisas novas, me surpreender, aprender coisas que nem imagino que existam.

T. Desta vez, você optou por levantar recursos parciais para realizar a cicloviagem através do chamado crowdfunding. Como está sendo este processo? Deu muita dor de cabeça? Você aconselharia outros companheiros de pedal a fazer esta opção?

R. O crowdfunding foi algo muito novo para mim, fui aprendendo conforme tudo foi avançando. Ao menos no meu caso, o CrowdFunding para dar certo exigiu de mim dedicação integral, trabalhei ao menos 12 horas por dia para tudo engrenar. Era coisa de fazer a estratégia de arrecadação, escolher recompensas atrativas a quem colaborasse, gerar conteúdo sempre, articular parcerias, conversar com pessoas etc. Se me perguntassem se vale a pena arrecadar recursos por esta via, eu diria que apenas vale se a ela for dado o devido foco.

Além do mais, a conta para fazer um crowdfunding me pareceu mais complexa. Para descobrir o quanto precisava levantar, não bastava apenas botar na mesa o valor que eu necessitava. Tive que considerar a margem de erro, custo de confecção de recompensas, repasse para o site que organiza o financiamento, despesas bancárias etc. Fui estudando com ótimos materiais sobre a estratégia para o crowdfunding, para saber quantas visitas eu teria que gerar para atingir a meta, qual era o ticket médio de contribuições, como promover, como abordar etc. Foi um mundo novo. Quem quiser estudar mais sobre o tema, recomendo ver os vídeos gratuitos da galera do “UFC – Universidade do Financiamento Coletivo”.

Foi emocionante acompanhar o apoio de amigos, empresas, colegas, desconhecidos. Parece que o sonho passou a fazer parte de um monte de gente além de mim. Indico o crowdfunding, sim, contanto que ele não seja uma dependência para que um sonho dê certo. O negócio é superar o que for para vencer um desafio, e isso se faz com crowdfunding, trabalho, treino, dedicação, amigos, disciplina, foco etc. Parece ser um caso em que isolar qualquer um desses fatores deixa as margens de sucesso bastante baixas.

T. Ricardo, o cicloturismo nos permite encontrar seres humanos incríveis pelos caminhos. Você domina o idioma espanhol e o inglês. Em que medida isto irá facilitar o contato com os diferentes?

R. Hoje em dia penso que a abertura pra aprender coisas novas é mais importante do que o que já aprendi previamente. Antes da primeira viagem eu não sabia nem inglês e nem espanhol, por exemplo, mas no caminho fui me dedicando, aprendendo, explorando, e nisso muitos conhecimentos foram chegando à galope.

Não consigo imaginar o que vou aprender nas próximas viagens, mas posso dizer que me julgo capaz de aprender todo o necessário pra seguir viajando e vivendo a vida com a intensidade devida. É totalmente impossível prever o que virá com isso, pode ser javanês arcaico, oboé barroco, francês, aviação, não faço distinção de aprendizagem, senão pela utilidade para me fazer mais feliz e me levar adiante.

No contato com os diferentes, fico absolutamente aberto. Dou o melhor de mim e quero o melhor das pessoas, e muito mais do que isso, eu não complico. Até gosto do choque de realidades, deixa a equação resultante desses encontros absolutamente imprevisível, mas normalmente com um resultado encantador!

T. E o friozinho na barriga da primeira pedalada rumo a um novo sonho? Como você está se preparando física e psicologicamente para este empreendimento?

R. As sensações são bem diferentes da primeira viagem para essa. Antes do Roda América, eu parecia um adolescente! Suava frio, tremia, perdia sono, me embrulhava o estômago, parecia a prévia do primeiro beijo de um adolescente. Agora, eu sinto menos nervosismo, mas me percebo obstinado com mais coisas, o que faz com que a preparação agora seja completamente diferente.

Raramente perco o sono com a volta ao mundo, mas posso dizer que acordo e cuido dela até dormir. Planejamentos, crowdfunding, vacinas, cuidados médicos, treinamento físico, busca de parcerias, estudos de trajeto etc. Se eu relatar as minhas 24 horas, posso dizer que, ou estou comendo, dormindo ou cuidando da viagem de alguma forma.

A preparação mudou consideravelmente no Roda Mundo. Antes, eu me preparei para ser um atleta, agora estou mais tranquilo com isso. Vou me concentrando em entender o desgaste dos equipamentos, me preparando psicologicamente para condições extremas, entendendo técnicas para pedalar e poupar energia, entre outras coisas. Noto, hoje, com mais clareza o quanto eu me concentrei em pensar nos equipamentos e no físico para conquistar algo desse tipo, enquanto depois abri espaço para uma construção mais completa. Para viajar, pelo visto o principal é que haja o viajante, e essa existência é condicionada a uma série de outros fatores: flexibilidade, resiliência, disciplina, foco e desapego, ao menos no meu caso.

T. Em sua opinião de especialista em Marketing, sua área de formação, as mídias sociais têm um papel fundamental na difusão de uma cicloviagem como a Roda Mundo?

R. Acho que são estilos. Dá pra viajar e cuidar das mídias sociais, também dá sem isso. O foco é viajar, então, as mídias sociais fortes podem virar ótimas ferramentas para se atingir isso, jamais o contrário. O desafio com o qual me deparo é o de não fazer com que o uso excessivo das mídias sociais descaracterize a essência do Roda Mundo. Para manter essência, me dediquei muito a entendê-la, isso me facilita para pensar em passos novos e dizer não para outros.

Hoje em dia o Roda Mundo possui um papel institucional bem mais forte e até algo de gestão de marca, não é mais só o Ricardo viajando. Tem projeto de mobilidade urbana, uma filosofia e vida agregada, mais seguidores e um plano atrelado às aventuras mundo afora. Hoje, tento fazer da viagem algo mais profissional, com logomarca, gestão de mídias sociais, edição profissional de vídeos etc. Dessa vez consegui gente para me ajudar com isso, então, eles fazem o melhor deles enquanto eu faço o meu melhor, que é viajar e gerar coisas legais a compartilhar.

A solução que encontrei foi a de pegar o conteúdo que eu já geraria e buscar parceiros para utilizá-los, não o contrário. Tanto para escrever, fotografar ou enviar vídeos, pensei o que queria gerar e como tudo aquilo convergiria numa imagem coerente do Roda Mundo, para a partir disso buscar parceiros e mídias.

T. A expedição Roda Mundo tem, entre tantos outros, um detalhe especial: é a primeira cicloviagem de volta ao mundo de uma bicicleta de bambu. Você pode nos ajudar a desmistificar a falsa ideia de robustez que recai sobre uma bike de bambu. Fale-nos sobre a Dulcinéia (musa inspiradora de Dom Quixote de La Mancha), sua nova bicicleta, por favor.

R. Dulcinéia é como chamo a minha adorável bicicleta de bambu, mas ela é mais do que isso. É minha esposa, companheira de aventuras, a que está presente nos momentos em que me sinto mais completo.

A Dulci tem sua personalidade muito bem definida! É uma sem-vergonha da melhor qualidade, toda dada, se comunica com todo mundo, faz amigos por onde passa, e meio que no embalo eu faço mais amigos também. É parar numa praça qualquer e já se junta um grupo, e quando vejo já estamos todos tomando cerveja ou, simplesmente, jogando conversa fora. Claro que dá algo de ciúme desse brilho todo dela, afinal passei do “Ciclista que viajou a América do Sul de bicicleta” para “o cara que tem uma bicicleta de bambu”. Mas, é assim mesmo, ela brilha, essa danada, e fico feliz de estarmos juntos.

Ah, mas não se engane com tamanha beleza. Dulcinéia é forte e valente, e olha que exijo o máximo possível dela. Até o momento já andamos 18 mil km, viajando entre diferentes estados, montanhas, trilhas com pedras, ladeiras mil, sem dó, por saber o quanto ela é capaz de aguentar. Já quebrei alguns raios, rasguei pneus, quebrei canote, mas o bambu segue lá, intacto, para quem ousar desconfiar de sua força e resistência. Ah, o amor, que coisa bela! Não quero mais saber de outra vida, não poderia ter feito uma melhor escolha.

Mas, ok, falarei sobre a parte prática – desculpas, sou meio romântico com isso. O bambu é absolutamente resistente, por causa da resiliência e capacidade de absorção de impacto. As junções do quadro são feitas com uma base de kevlar, seguidas de uma massa de carbono e cânhamo. Ah, eis o que todos perguntam: A bicicleta é, sim, oca, não é revestida. O peso é semelhante ao de uma bicicleta de alumínio. O bambu é a menor das preocupações sobre o que vai aguentar na aventura.

Fora isso, essa bicicleta foi feita por um cara espetacular, que entende o amor que eu tenho por bicicletas e que ela seria construída para uma volta ao mundo, caso necessário. Tudo foi feito sob medida, artesanalmente, ele sabia para quem estava fazendo aquilo, não poderia ter feito uma escolha melhor. E como até essas relações são humanas para mim, até hoje o Klaus Volkmann (o dono da Art Bike Bamboo, que a fez), me pergunta “e aí, como tá a Dudu?”. Não é uma relação comercial, é o sonho dele que eu uso para atingir o meu, a relação é outra.

T. Você passou por um episódio traumatizante ao final de sua Roda América, quando foi assaltado com violência e viu sua Capitu (nome da antiga bike, alusivo à personagem Capitolina Pádua, a Capitu, da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis) indo embora sem poder fazer nada. Como superar um momento como este?

R. Creio que as experiências que tive depois do trauma foram como a de uma viuvez mesmo. A Capitu foi minha primeira esposa, o primeiro amor, não tem como apagar isso da memória. Por três anos, eu não fui capaz de ter outra bicicleta, tamanho o trauma, por isso, a recuperação veio pouco a pouco. Engraçado, o meu status de Facebook era o de “viúvo” durante todo esse tempo até arrumar uma nova companheira.

Não tive como superar esse episódio totalmente, no máximo tentei me adaptar para seguir adiante. O espaço de Capitu permanece intacto, então, essa demora de anos foi justamente para descobrir outros caminhos e formas, e só depois disso veio a Dulci.
Capitu era minha fiel escudeira. Valente, incansável, imparável, a que muito podia e tudo queria. Inesquecível…

© Ricardo Martins

T. Frase sua, na página 9 do Roda América: “Minha primeira lição sobre sonhos é que eles podem começar e terminar rápido demais”. Com a primeira experiência, você foi muito mais longe do que sequer se poderia imaginar, inclusive superando suas próprias expectativas. Quais são, para finalizar, as ideias que habitam sua mente nestes momentos que antecedem sua partida?

R. Percebi que sempre erro com essas expectativas de sonhos, então, meio que tento me desapegar delas. Tem alguns sonhos que eu acho que serão grandiosos e morrem pifiamente, outros que começam despretensiosos e se tornam grandiosos, eles funcionam sem regras. O que sei é que quero realizar todos os meus sonhos possíveis, fracassar em alguns, mas tentar em todos. Sonho é um negócio para ser realizado, não sei viver de outra forma.

Mas claro, tem vezes que não tem como, sou humano. Sempre vem aquelas fantasias e medo do que virá, aí eu tento voltar ao foco, algumas vezes não consigo. Eu estou saindo absolutamente desancorado, rumo a lugares que não conheço, com pessoas que nunca vi, em situações que não posso prever, é um adorável caos que faz perfeito sentido. Acho que nunca estive tão certo ao fazer algo tão incerto, é um paradoxo que ainda não consegui resolver.

O comum é que alguém tenha um estilo de vida constante, aí tiram tempo pra viajar, para em seguida voltar de onde partiram. No meu caso, não existe distinção entre viajar e viver, então, tudo se entrelaça, não faço distinção. É dizer que em alguns dias eu vou viver de acordo com o que mais me realiza. Eu não poderia me sentir mais feliz.