Pedalando pelas Aldeias Históricas de Portugal

A Rota é um percurso que une as 10 Aldeias Históricas (Almeida, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piodão e Sortelha). A grande rota das Aldeias Históricas, criada no ano 2000, percorre 17 regiões do interior da Beira, abrangendo um total de 52 povoações, atravessando paisagens de grande beleza natural e aldeias com uma fortíssima herança cultural e histórica.

© Paulo de Tarso

Alguns números:

  • Distância total: 535 km.
  • Dia mais curto: 61km.
  • Dia mais longo: 90 km.
  • Acumulado em subida: 13.896 m
  • Alt. Máxima: 1657 m
  • Alt. Mínima: 255 m

Pedalar em Portugal é uma coisa fantástica. Gente afável, país com muitas e antigas marcas da história, de uma natureza quase intocada, de novas experiências, da saudável cozinha mediterrânica e de grandes vinhos.

Foram sete longos dias de muitas pedaladas, subidas, pedras, força e calor. A cada dia vemos a paisagem mudar com o passar dos quilômetros, descobrindo os nomes pintados nas placas de cada nova terra,  surpreendido por cidade cosmopolitas. Ver passar as casas, as cercas, as pontes e os rios, os animais vagarosos pastando nos campos, as pessoas atenciosas.

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Castelos, Parques Naturais e aldeias

De bicicleta, descobrimos as aldeias uma por uma, como nos contos de fadas. Abundam as muralhas, como assinaturas do tempo sobre o chão pisado pelos séculos. Ruas misturadas com histórias de pessoas que se conhecem pelo nome. Pequenos recantos encantados, prontos para uma fotografia. Paisagens inundadas pelo sol, onde se descobre a geometria das oliveiras e dos pomares de frutas, ou das muitas ovelhas que salpicam o horizonte. São locais de saberes antigos. Um Portugal genuíno e generoso. Com quase 500 anos de atraso, talvez seja a hora de inverter a rota das caravelas e desbravar as terras lusitanas. Tudo isso em cima da bicicleta!

1º Dia  – Castelo Novo – 15 km – aquecimento

No primeiro dia de pedalada iniciamos a travessia na pequena aldeia Castelo Novo, situada aos pés da Serra da Gardunha que apresenta um notável patrimônio histórico e cultural. Castelo Novo também é conhecida como a “Fonte da Gardunha”, devido a abundância de água que a serra proporciona. Vários chafarizes são encontrados espalhados pela pequena aldeia, com o destaque para o Chafariz da Bica, o Chafariz de D. João V e o Chafariz D’El Rei. Sua povoação está datada de maio de 1202. Após encher nossas caramanholas em uma das várias bicas espalhadas pela cidade, fizemos um curto pedal para verificar os nossos equipamentos, percorremos o pequeno povoado e fizemos uma rápida visita ao castelo.  

© Paulo de Tarso

2º dia – Castelo Novo até Monsanto – 67 km

Apesar do desnível altimétrico desse dia não ser dos maiores, o calor de quase 40 graus e o ar seco tornou a pedalada das mais difíceis de todo o roteiro. Cruzamos vários povoados, Atalaia do Campo, Orça, aldeia Santa de Margarida e Proença Velha, onde fizemos uma parada para reagrupamento do grupo e repor as energias com um lanche reforçado. Dali em diante atravessamos uma zona bastante seca de Eucaliptal, mas atrás dos muros de pedras surgiam outras árvores como o Carvalho e Oliveiras. Chegamos a Idanha-a-Velha, uma aldeia localizada na margem direita do rio Pônsul, sobre a cidade romana de Egitânea. Esta aldeia histórica foi provavelmente fundada no período de Augusto(século I a.c.). Destaque para os numerosos monumentos da arquitetura religiosa e militar e o impressionante lagar de varas, utilizado para a produção de azeite.Trata-se de uma etapa bastante plana, sem grande dificuldade, marcada pela presença constante do xisto e do granito.

3º Dia  – Monsanto-Sortelha (88 km)

O percurso que nos leva até Sortelha segue por longos trechos planos. Esporadicamente uma ou outra subida, mais ou menos acentuada, quebra o ritmo da pedalada, sem no entanto, constituir grande dificuldade. Atravessaremos várias Aldeias. A primeira foi Penamacor e depois a Aldeia de João Pires, pequena povoação onde é possível avistar durante o caminho alguns vestígios da presença romana na região, como pontes e cruzeiros. A partir dessa região notamos alguma diferença tanto na vegetação como no relevo, pois trata-se de uma zona montanhosa (Serra da Estrela) e a planície (Idanha e Alentejo).

Seguindo pela parte norte da região em direção a Sabugal, passamos por Meimoa e pela sua imponente ponte romana, onde se encontra uma refrescante praia fluvial.

Continuando o percurso, contornamos a barragem da Meimoa, em direção à última aldeia dessa região, Meimão. Durante esse trecho é impossível não reparar na beleza natural das paisagens da Reserva Natural da Serra da Malcata, habitat do Lince Ibérico (Linx pardinus), hoje uma espécie em vias de extinção.

Neste dia passaremos por mais duas belas Aldeias Históricas – Monsanto e Sortelha. Monsanto, outrora considerada a “Aldeia mais portuguesa de Portugal”, situa-se bem no topo de uma formação granítica impressionante, oferecendo vistas espetaculares.

Esta aldeia distingue-se pelas suas estreitas ruas e ainda por um imponente castelo no ponto mais alto da formação rochosa.

Em Sortelha também tem muito para visitar – o castelo, o belo pelourinho e a igreja matriz, entre outros pontos interessantes.

Em termos de percurso, a ligação entre estas aldeias é relativamente fácil, sem grandes subidas, apesar de ser a mais longa etapa da travessia. Parte do percurso é dentro da Reserva Natural da Serra da Malcata.

4º Dia  – Sortelha-Castelo Mendo-Almeida (92 km)

Esta etapa caracteriza-se pela diversidade de pisos: pedra solta, calçadas romanas e cursos de água. Algumas subidas mais “puxadas” fazem parte desta etapa de ligação entre Sortelha e Almeida. Mesmo antes de Almeida teremos que cruzar o Rio Côa, pedalando sobre uma ponte romana. O forte em formato de estrela marca a paisagem de Almeida, constituindo um dos maiores expoentes da arquitetura militar abaluartada em Portugal.

5º Dia  – Almeida-Castelo Rodrigo-Marialva (74 km)

Neste dia vamos pedalar no Parque Natural do Douro Internacional. A ligação entre Almeida e a bonita aldeia de Castelo Rodrigo é fácil, sem grandes declives. Por vezes, estaremos em pleno caminho de peregrinação para Santiago de Compostela. Castelo Rodrigo teve, em tempos, uma grande importância na defesa do território nacional contra os ataques das tropas castelhanas. A ligação entre Castelo Rodrigo e Marialva inicia-se com uma bela descida até ao Rio Côa… seguida por algumas subidas mais acentuadas. As ruínas do castelo de Marialva merecem uma visita.

© Paulo de Tarso

6º Dia  – Marialva-Linhares da Beira (67 km)

O destino do dia é Linhares da Beira, a capital do parapente em Portugal, situada dentro do Parque Natural da Serra da Estrela. Terra fria e ventosa, de gente simples e hospitaleira, Linhares da Beira tem um castelo imponente que deve ser visitado. O percurso apresenta algumas trechos com muitas pedras.

7º Dia  – Linhares da Beira-Piodão (78 km)

Esta é uma etapa muito dura, com subidas e descidas acentuadas, devido ao enquadramento geográfico do Piodão, entre as serras do Açor, da Lousã e da Estrela. O piso de xisto solto cobre os estradões onde pedalamos, tornando a etapa ainda mais complicada. Mas o destino final, Piodão, vale a pena o esforço dispendido – as suas casas em xisto, envolvidas na paisagem circundante, são de uma beleza indescritível.

8º Dia  – Piodão-Castelo Novo (95 km)

A etapa de regresso a Castelo Novo é bastante exigente fisicamente, dada a altimetria com variações acentuadas, a distância elevada e também porque o piso tem muita pedra. Em resumo, mais um dia de puro mountain bike!

© Paulo de Tarso

O Sampa Bikers organiza anualmente ciclo viagens em Portugal, mais informações no site www.sampabikers.com.br