A Austrália impressiona quando o assunto é bicicleta. Embora talvez por não ter um número grande de ciclistas, o país não figure na lista dos mais “bike friendlys do mundo”, a experiência vivida por mim lá confirma que sim: a Austrália é um país extremamente amigável e bem estruturado para pedalar.

© Luli Cox

Bicicleta nas cidades

O sistema de aluguel de bikes da cidade de Melbourne já deixa nítido que a bicicleta faz parte do planejamento urbano australiano. Com numerosas estações abastecidas com bicicletas e capacetes (diferentemente da Holanda ou Brasil, a legislação australiana obriga o uso de capacete aos ciclistas), as magrelas estão sempre em bom estado. Nada parecido com Rio ou São Paulo, em Melbourne as bikes são muito bem conservadas, e eventualmente qualquer problema que haja, existe um botão alerta de manutenção nas estações que pode ser acionado.

A mão das vias é inglesa, mas o povo australiano é muito cuidadoso, o que deixa os estrangeiros despreparados mais aliviados. Os carros respeitam as bicicletas e vice-versa.

Uma maneira fácil de identificar se um país é bike friendly é acionar o Google Maps e escolher qualquer rota que seja; se nas opções aparecer bicicleta na escolha do meio de transporte, além de carro, pedestre e transporte público, o deslocamento sobre duas rodas será fácil.

© Luli Cox

Não imaginava que a Austrália pudesse ser tão avançada ciclisticamente até estar lá. Após adotar a bicicleta como transporte diário em Gold Coast, cidade plana e pequena onde descartei totalmente qualquer outra opção de meio de transporte, percebi o quão a bike pode ser facilmente incorporada ao dia a dia.

Há sinalização por todos os lados, placas de aviso tanto aos carros quanto aos pedestres e ciclistas. Na maioria das cidades australianas é permitido pedalar nas calçadas. As calçadas compartilhadas parecem uma realidade utópica, mas sim, é permitido estar em cima da magrela transitando até mesmo em ruas comerciais lotadas.

Estacionamentos e locais para parar a bicicleta são comuns perto de estações e centros comerciais. Se for parar, melhor prender. Como na maioria dos países do mundo (inclusive Holanda e Dinamarca) existem ladrões de bikes e furtos não são fatos isolados.

Apesar de todo o sistema cicloviário, nas ruas não há muitas pessoas pedalando. Há quem diga que o uso obrigatório do capacete faz com que o número de ciclistas caia, e que aumente a resistência ao uso da bicicleta. Será?

© Luli Cox

Cicloviajando

Viajar de bike pelo país do canguru também não é problema. A primeira rota escolhida para a experiência foi Gold Coast até Byron Bay, com 100 km de percurso. Já de saída, diversas opções de rota aparecem no Google Maps, escolhida a mais longa com menor uso de grandes rodovias (normalmente a opção mais afastada dos carros é primeira a ser indicada pelo Google). O trajeto todo estava muito bem sinalizado com placas e faixas de sinalização.

Não existe dúvida dos lugares permitidos para transitar; há sempre sinalização, ciclo pistas delimitadas em autoestradas, ciclovias e placas. Muitas placas! Há placas de advertência aos carros, placas de precaução aos ciclistas, informações que não dão margem a erros de conduta. A preocupação com o ciclista é algo considerado, em nenhum momento do percurso viajado senti algum tipo de risco.

© Luli Cox

Australianos e bicicletas

A Austrália é um país novo em constante crescimento, mas que teve tempo para projetar as cidades com planejamento urbanístico que desde seu princípio considera a bicicleta como um meio de transporte presente. Talvez pelo fato de ter uma população pequena e estrutura de transportes coletivos que funciona muito bem, ainda não esteja na lista dos lugares mais lembrados pelo uso da magrela, mas tem estrutura, planejamento, cultura e educação para deixar qualquer ciclista muito satisfeito!