Setenta e cinco dias e três mil quilômetros pedalados pela Patagônia e Terra do Fogo, de Bariloche a Ushuaia.

© Rafael Garcia

A viagem na região da Patagônia é espetacular, pois você pedala praticamente todos os dias em vales rodeados pelas montanhas de pico nevado da Cordilheira dos Andes e por rios verdes e azuis. Apesar da beleza, é uma região com índices pluviométricos altos, pois as nuvens são barradas pela Cordilheira. Nesta região, cheguei a pegar cerca de 10 dias consecutivos de chuva.

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© Rafael Garcia

Quando se chega à região dos Pampas, o cenário muda completamente: vegetação de arbustos para todos os lados e muito vento, que é sem dúvida o maior desafio da viagem, fazendo muitos ciclistas desistirem e optarem pela carona para evitar a região.

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Quando ainda estava na Carretera Austral, peguei um dia de vento contra absurdo, que foi ficando cada vez mais forte, até que chegou um momento em que tive que descer da bicicleta e segurar firme para não ser derrubado. Mesmo assim, a rajada seguinte literalmente assoprou eu e a bike para o chão.

Em outro dia, os ventos estavam tão fortes que eu mal saia do lugar. A solução foi começar o pedal no dia seguinte às 2 h da manhã, já que à noite o vento diminui significativamente.
Outra coisa que impressiona na região é a hospitalidade: certa vez fui hospedado por um ciclista que, ao sair no dia seguinte, deixou-me sozinho em sua casa, dizendo: “sinta-se à vontade”.

Para aqueles que desejam fazer uma cicloviagem, um conselho: crie coragem para começar e faça! Pode ser um choque emocional e físico no começo, mas a cicloviagem vai te virar de ponta cabeça, te chacoalhar, te mostrar que você ainda tem muito a aprender, e te devolver outra pessoa!

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