330 km
3 dias de pedal
Elevação 2.795 m
Três integrantes
um com 53 e dois com 60 anos
Canoas, São Francisco de Paulo, Serra do Umbú, BR-101, Osório e Canoas – RS

DIA 1 Canoas – São Francisco de Paula

Saímos de Canoas, David, Luiz e eu, pela manhã, seguindo pela RS-239. Não demorou, e um pneu furou. Depois do conserto, encontramos uma figura pelo caminho, que apelidei de Maluco Beleza. Luiz e eu estávamos atrás e vimos ele atravessar a rodovia para conversar com o paciencioso David. Nos aproximamos e o papo era muito cabeça, o cara se dizia poeta, artesão. David pegou a grande dica sobre por onde subir. Estávamos inclinados a ir pela estrada do rio da ilha, de chão. Aí ele deu a dica do dia: “melhor ir pela 020, vocês são meio velhos pra ir pela estrada de chão”. Deu esta declaração após dar uma olhada em nós três.

Seguimos a dica, que valeu ouro. Continuamos até Araricá, onde fizemos um lanche. Seria numa lancheria que conheço, quando o Maluco, que nos acompanhou até este ponto, nos sugeriu um pouco mais para frente, na lancheira do Zé.

Após algumas fotos, seguimos. Chegamos em Taquara, o que significava que ali terminava a cansativa RS-239 e começava o que seria quase um martírio…a subida da 020 até São Chico.

© Carlos Afonso Schuch

Invcrível não ter uma única placa indicando São Chico em Taquara. Então começamos a subida, aproximadamente pelas 14h30. Com as bikes carregadas, foi muito cansativo. Paramos num posto da brigada para um dos vários descansos. Vários mesmo. Aí depois de uns 10 minutos sentados veio um sargento, muito simpático (aliás, todos que vêm conversar conosco são simpáticos). Depois de uma boa conversa e muita risada, seguimos. Muita subida, sem acostamento e felizmente pouco movimento. Alguns caminhões, que vão para São Chico buscar madeira, passaram muito rápido por nós. Fora isso, foi um trecho relativamente tranquilo, asfalto sem buracos, exceto pequenos trechos. O pior mesmo foi subir esta estrada. Após várias paradas, chegamos num sítio, Nesse momento, o Luiz já estava com problemas nas pernas, subindo bem devagar. Cheguei antes e apreciei um pouco a paisagem. Pegamos água, conversamos com o proprietário, que trabalhava na construção civil, se aposentou e resolveu morar ali, no morro, criando peixe e plantando. Seguimos de novo com a péssima informação que ainda faltava 28 km pra subir. Um desalento.

Mas, seguimos. Continuamos os longos 28 km. Nos últimos quilômetros, parávamos muito. O cansaço era extremo.

Fizemos mais uma parada, onde uma moça nos informou que dali pra frente subiríamos muito. E ela estava certa, o final da subida é terrível. Neste ponto já era noite. Continuamos a subir, na velocidade de aproximadamente 7 km/h. Um cara parou com um Uno, velhinho e remendado, e perguntou se queríamos alguma ajuda. Como disse antes, as pessoas são simpáticas e solícitas conosco, em função, imagino, de verem que são bikes carregadas e fazendo turismo. Isso é muito legal. Depois de uns 5 minutos de conversa, agradecemos muito e seguimos a escalada. Na conversa, nos deu dica de um xis para nossa janta e um catálogo de comércios em São Chico, o que foi muito útil depois.

© Carlos Afonso Schuch

Quase não acreditava no que via. Finalmente havíamos chegado. Passamos a noite na casa do amigo Miguel, que muito gentilmente nos emprestou seu chalé para nosso pernoite. Foi uma noite de luxo, com chuveiro quente, água, teto…Sem precisar montar as barracas.

Tomamos um bom chimarrão, sempre preparado pelo Luiz, uma cachaça e pedimos o lanche indicado pelo cara do Uno. Realmente, era bem barato!

Depois de tanta mordomia, fomos dormir, cada um no seu saco de dormir.

Distância percorrida 112 km
Velocidade média
12,3 km/h (até o início da serra estava em torno de 20km/h)
Elevação
1.767 m
Altitude
de 10 m à 910 m

DIA 2 São Francisco de Paula – Osório

Levantamos tarde e começamos a guardar nosso material. Às 9h saímos, rumo ao centro de São Chico, para procurar um café. Depois seguimos rumo à 020 de novo para chegarmos ao nosso grande destino: a Serra do Umbú. O dia estava quente. No caminho entre São Chico e a saída, cruzamos com dois ciclistas que estavam fazendo o Audax 1000.

Chegamos finalmente na saída para a serra. Estávamos muito felizes em saber que começaríamos a descida. Mas…não foi bem assim.

Pedalamos longos 24 km de estrada de chão com muito sobe e desce até começar a descida. Em Rincão dos Kroeff pedimos água em uma casa e, como sempre, tivemos uma boa conversa sempre comandada pelo David.

Após enchermos todos os nossos reservatórios e o David descobrir que o caseiro do sítio quase foi colega de quartel dele, seguimos o pedal. Em seguida chegamos num grande letreiro de concreto em Vitor Kroeff.

Após algumas paradas para descanso e sempre algum alimento, chegamos na descida da serra. Descida mesmo!

A estrada era de chão e havia trechos com muita pedra solta, fácil de ir ao chão. Chegou ao ponto de estar com dor nas mãos de tanto segurar os freios, que não são hidráulicos, nem a disco. Era impossível descansar as mãos em muitos trechos, pois tínhamos que segurar a bicicleta com tudo. Belas vistas, paradas para fotos, filmagens! Caminho muito bonito!

Depois de descer muito, chegamos na parte plana, rumo à Barra do Ouro. Ainda fizemos umas paradas em pontilhões de concreto e em outros locais atrativos, além de ver uma bela aranha que o David localizou e fotografou.

© Carlos Afonso Schuch

Chegamos em Barra do Ouro, um distrito/bairro/vilarejo que pertence à Maquiné. Esse trecho de Barra do Ouro/Maquiné ainda é de estrada de chão, bem movimentada e com muita poeira!

Depois do banho de poeira, chegamos em Maquiné, onde fizemos um lanche para a última etapa, Osório. Chegamos de dia. Saímos à noite, organizando quem tem o melhor farol e a melhor luz traseira. Seguimos até a BR-101. Contando com a sorte e a luz dos parceiros, seguimos até o túnel, onde um carro nos escoltou em todo o trajeto, muito legal! Seguimos até o Posto Chimarrão em Osório, onde havíamos pernoitado duas semanas antes, quando fomos ao morro da Borússia.

Estávamos bem sujos. David foi falar com a menina responsável para avisar que montaríamos nossas barracas. Estava tudo ok, ela lembrou de nós. Montamos sobre uma base de concreto, onde fica uma base de empresa de telefonia. Após montar a barraca, banho, chimarrão e janta (um prato feito muito bem servido e cerveja), fomos ao merecido descanso. Quando estávamos armando as barracas, um caminhoneiro ofereceu a chave da cozinha do caminhão e geladeira ao David, caso quiséssemos usar. Mas como jantaríamos e tomaríamos café no restaurante, não foi preciso. Quando já estávamos deitados, chegou um funcionário da empresa telefônica, pedindo para que abrisse o portão. (colocamos um cadeado!). Pensei que mandaria tirarmos as barracas. Felizmente foi bem gentil e só pediu para que não trancássemos o portão.

Distância percorrida 104 km
Velocidade média 14,1 km/h
Elevação
734 m
Altitude
de 910 m à 10m (pico de 935 m)

DIA 3 Osório – Canoas

Reta final. Rumo à Canoas. Desmontamos o acampamento, tomamos café na lancheria do posto e seguimos para o dia final. O único inconveniente poderia ser o vento, grande inimigo do pedal. Mas felizmente, passando a terceira vez no local onde normalmente tem muito vento (perto da Lagoa dos Barros), o tempo estava ótimo, sem vento. Mas tudo indicava que teríamos calor. Muito calor. Há duas semanas atrás fizemos este mesmo trajeto (Osório/Canoas) e tivemos 6 furos de pneus com as Speed. Dessa vez, com as MTB, foi apenas um.

Participantes
Hermes David Ramos
Luiz Danilo Macedo
Carlos Afonso Schuch
Coparticipantes no apoio em casa: nossas esposas, Núbia, Zica e Edna.

© Carlos Afonso Schuch

Na primeira parada, no pedágio de Santo Antônio da Patrulha, um grupo de quatro ciclistas da cidade nos encontrou (Sapedal). Após um pouco de conversa, nos escoltaram até a entrada para Santo Antônio. Daí, seguimos os três. Um pouco antes de Glorinha, furou o pneu do Luiz. Trocada a câmara, constataram que o pneu estava rasgado. Aí o improviso e experiência do David e do Luiz se juntaram e fizeram um reforço no pneu, com a câmera rasgada, amarrando-a em torno do defeito do pneu. O Luiz conseguiu rodar uns 50 km com a bike nesse estado.

O calor estava bem forte, fazendo o cansaço multiplicar. Fizemos várias paradas para hidratação, alimentação e descanso.

© Carlos Afonso Schuch

Paramos no pedágio de Gravataí, onde tem banheiro e torneira na rua. Um oásis. Tomamos banho. Eu enchia minha caramanhola (maldosamente apelidada de extintor de incêndio, pela cor laranja) e larguei água sobre a cabeça, nas costas, no peito, nos pés…. Deu um baita ânimo! Suficiente para chegar em casa.

Distância percorrida
101 km
Velocidade média
19,2 km/h
Elevação
294 m
Altitude
de 10m a 100m. (pico de 87m)

Conseguimos!

Luiz foi para Cachoeirinha, David e eu fomos até minha casa, onde minha esposa nos esperava com cerveja gelada e sanduíche! Maravilha! Foi o meu maior pedal até então, com 315 quilômetros. Uma baita experiência. Recomendo!

“UMA BAITA EXPERIÊNCIA, RECOMENDO!

© Carlos Afonso Schuch