Guiando pedaladas em altas montanhas e desertos

No final de 1991, na véspera de Ano Novo, pedalei junto com meu pai o que seria o meu primeiro contato com o cicloturismo: uma pedalada de Guarujá a Bertioga atravessando totalmente maravilhado os 25 km na Ilha de Santo Amaro. O encanto e o diferencial daquela pedalada para com as outras que dava na praça perto de casa ou nas viagens da família é que eu ligava uma cidade a outra curtindo a natureza, as pessoas e o canal de Bertioga. Essas foram as principais razões para que o cicloturismo se transformasse em paixão até os dias atuais.

Alguns anos e viagens se passaram. Mudei-me para a Alemanha em 2005. Em 2007 trabalhava na ilha de Creta (Grécia) como bike guide, isto é, guiava pedaladas para grupos de ciclistas, principalmente alemães, suíços, austríacos e holandeses. No decorrer dos anos fui ampliando os horizontes, acrescentando experiências e novos roteiros, visitando mais de 40 países. Trabalhei para diversas agências na Europa até me tornar autônomo em 2010 e criar a Zander Bike Tours, conhecida também como ZBT, guiando diversas pedaladas pelos Alpes ou roteiros pela Jordânia e Himalaia.

Nesse meio tempo muitos que me acompanham pelo site, começaram a perguntar sobre a possibilidade da ZBT montar grupos de brasileiros para roteiros que atravessam o deserto da Jordânia e as montanhas do Himalaia. Após apresentar uma palestra em 2012, na cidade de São Paulo, a respeito do roteiro no Himalaia, surgiu a vontade e a oportunidade de formar parceria com a agência Pisa Trekking para oferecer as minhas pedaladas preferidas aos ciclistas brasileiros. Creio que atualmente eu seja o único brasileiro a organizar e guiar pedaladas por estes roteiros inéditos no Brasil.

Para o ano de 2014 oferecemos duas pedaladas, uma no deserto da Jordânia e outra no Himalaia, passando pelo acampamento base do Everest.

© Fábio Zander

Temos como objetivo oferecer uma mistura de experiências aos nossos clientes, não só a pedalada em si, mas a interação com os habitantes, a fauna e flora, a geografia e a história da região percorrida.

A equipe de apoio

Para ambos os roteiros tenho uma equipe de apoio local e que conheço há anos. Esse apoio é super importante, sem eles não realizaria as viagens em grupo. Não porque as regiões sejam perigosas, mas a ajuda dos locais é essencial para o entendimento (língua local), a burocracia, o transporte, a reserva de hotéis, a montagem dos acampamentos, entre outros pontos importantes. Com esse apoio especial, a nossa única preocupação é de pedalar e curtir a viagem.

Outro ponto muito importante para a ZBT é a oportunidade dos participantes de conviverem com essa equipe e assim ter uma impressão autêntica da cultura local e de seu modo de vida.

Temos como objetivo oferecer uma mistura de experiências aos nossos clientes, não só a pedalada em si, mas a interação com os habitantes, a fauna e flora, a geografia e a história da região percorrida.

© Fábio Zander

Nossa única preocupação é de pedalar e curtir a viagem.

Jordânia

Assumi guiar em 2010 a minha primeira viagem de bicicleta pela Jordânia, a princípio com aquela pulga atrás da orelha, pois sempre lia ou ouvia notícias sobre a Jordânia envolvida em conflitos ou violência, mas ao começar a pesquisar e ler mais a respeito percebi que a coisa não é bem assim e que nós criamos muitos preconceitos sobre os lugares que não conhecemos bem. Os vizinhos da Jordânia é que “atrapalham” o sossego que é a Jordânia.

Quem já não ouviu falar de Petra, uma das novas sete maravilhas do mundo? Ou sonhou em passar uma noite em um acampamento beduíno em Wadi Rum como Lawrence da Arábia? Ou se banhar no Mar Morto?

A Jordânia oferece isso e muito mais. Essa pedalada é uma mistura de aventura, cultura, história e belezas naturais. Pedalamos pela » Rota dos Reis que ligava em tempos bíblicos a Síria ao Egito. Nós vivenciamos a história de nabateus, romanos, bizantinos, árabes, as cruzadas e o império otomano, visitando ruínas e antigas cidades.

Pernoitamos em hotéis e acampamentos no deserto e a nossa bagagem segue com carro de apoio e um time local. Uma pedalada inesquecível de aproximadamente 300 km pelo Reino da Jordânia.

© Fábio Zander

Os highlights da pedalada pela Jordânia:

  • Madaba, a cidade dos mosaicos;
  • Monte Nebo, daqui Moisés avistou a Terra Prometida;
  • Mar Morto, a maior depressão do planeta;
  • Wadi Mujib, o Grand Canyon da Jordânia;
  • Al Karak e Shobak, castelos do tempo das cruzadas;
  • Reserva Natural de Dana;
  • Petra, a cidade de pedra dos nabateus;
  • Wadi Rum e o deserto;
  • Banho no Mar Vermelho;
  • A capital do reino jordaniano, Amã.

A viagem pela Jordânia será realizada entre os dias 22 de outubro e 01 de novembro de 2014. São 11 dias de viagem e sete etapas de pedal.

© Fábio Zander

Pedalando no teto do Mundo Himalaia

Durante a pedalada Desafio nos Andes, que atravessava o continente sul-americano de oeste a leste, do oceano Pacífico ao Atlântico, atravessando a Cordilheira dos Andes e a Patagônia, escrevi as seguintes linhas em meu diário de viagem no dia 2 de janeiro de 1999 em Rio Foyel, na Argentina:

“Acordamos aproximadamente às 08 h 30 min, tomamos o café da manhã no hotel em San Carlos de Bariloche. O Mauricio e o Cattani saíram para resolver alguns assuntos na bicicletaria (por exemplo, soldar um bagageiro quebrado), correios para enviar cartas e depois resolver no banco o problema do cartão de crédito do Cattani. Eu fui fazer as compras para os próximos dois dias, pois hoje pretendemos dormir em algum lugar entre Bariloche e El Bolson.

Depois de resolvidas as últimas pendências, montamos os alforjes nas bicicletas, pagamos a estadia no hotel e seguimos com o pedal na estrada. O ano novo e os dias descansando em Bariloche foram bons, mas nada melhor do que seguir pedalando pelas estepes.

© Fábio Zander

Quem nunca sonhou em atravessar com uma mountain bike o Himalaia e curtir as paisagens de tirar o fôlego entre o misterioso Tibet e o lendário reino do Nepal?

Encontramos, nas primeiras horas de pedalada, com dois cicloturistas norte-americanos que atravessaram, dias atrás, o deserto do Atacama. Conversamos e trocamos algumas ideias. Eles já fizeram uma viagem que é um dos meus sonhos, a pedalada entre Lhasa e Kathmandu na Cordilheira do Himalaia. Um dia ainda realizo essa pedalada!”

Esse “um dia ainda realizo essa pedalada” foi acontecer 12 anos depois do encontro com os americanos em algum lugar entre os Andes e a Patagônia.

Percorrer a Transhimalaia é um desafio único. Quem nunca sonhou em atravessar com uma mountain bike o Himalaia e curtir as paisagens de tirar o fôlego entre o misterioso Tibet e o lendário reino do Nepal?

De Lhasa a Kathmandu, uma viagem de superlativos: a pedalada desafiadora dura 24 dias (03 a 26/09/2014), percorre 1.100 km e atravessa diversos passos acima de cinco mil metros de altitude. Nós atravessamos o passo de Suge La com 5.350 metros, visitamos o Acampamento Base do Monte Everest e curtimos uma longa descida de três mil metros de altura até a fronteira com o Nepal. Temos tempo suficiente para visitar os bazares de Kathmandu e outros pontos turísticos como a Estupa de Bodnath.

Durante os dias de aclimatização em Lhasa, visitamos diversos templos, mosteiros budistas e o palácio de Potala, aprendendo um pouco mais sobre a religião e a cultura tibetana.

Ao longo do caminho encontramos diversos tibetanos vivendo em simples moradias em pequenas aldeias, além de pastores nas vastas estepes do platô tibetano. Um desafio não só esportivo mas cultural, a pedalada também exige um bom condicionamento físico e mental.

© Fábio Zander

Para saber mais:

Você pode encontrar mais informações a respeito dos roteiros, os mapas de trajetos, imagens e valores em: