Já ouviu falar do Formosa 900? Um roteiro, que simplesmente da a volta completa em Tawian – um desafio e tanto. Quando falamos em roteiros além mar, via de regra, pensamos na Europa com suas inúmeras e encantadoras opções, mas, que tal ir mais além e explorar novos horizontes? Que tal as Terras do Nascente, no extremo Oriente! É muito diferente? Com certeza, mas como ciclistas entusiastas, buscamos o diferente. O Formosa 900, é bastante desafiador, é verdade – típico de ciclista de alma. Além do Formosa 900, há inúmeros outros roteiros mais brandos, e com certeza, há muito o que conhecer e explorar em Tawian.

Fomos especialmente a Taiwan para conhecer mais de perto essas terras. Pedro Cury foi o nosso representante, veja o seu relato na sequência.

Conhecido por sua enorme produção industrial, Taiwan é um país asiático independente, ao contrário do que muitos pensam. Entre suas indústrias, temos uma fortíssima produção de bicicletas e componentes, das principais marcas do mundo.

© Pedro Cury

Tivemos por lá em 2014 para visitar algumas fábricas e para nossa surpresa não vimos uma cultura muito forte de ciclismo. Agora em 2018, recebemos um convite do Taiwan Tourism Bureau, justamente para conhecer alguns roteiros de bike, de muitos outros, que existem no país.

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Taipei

Como muitas capitais, Taipei é cheia de atrações turísticas que valem a pena conhecer como o Taipei 101, um dos dez prédios mais altos do mundo, além de diversos museus e templos.

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Nosso pedal começou saindo da estação de Songshan, que é oficialmente o KM 0 da volta “Formosa 900”. Este último, é o roteiro mais famoso e um dos mais desafiadores do país, com aproximadamente 900 km, dando a volta na Ilha.

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Porém, nosso plano foi fazer apenas alguns quilômetros do trajeto, focando em pontos de interesse mais turísticos. Sendo assim, seguimos por uma ampla ciclovia que liga Shezidao a Dadaocheng. Esta área está ao lado do grande Rio Keelumg e hoje serve, além da ciclovia, como uma estrada de apoio emergencial. O curioso aqui é que essa parte era uma importante via da cidade e é cercada por um alto muro com grandes portões de metal, que servia para isolar a cidade de inundações, que hoje em dia não ocorrem mais.

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Nanzhuang e Ponte Longteng

Nossa próxima parada foi a cidade histórica de Nanzhuang onde almoçamos num restaurante típico de comida Hakka – que é um povo que migrou da China e hoje representa uma grande parte da população de Taiwan. Depois disso caminhamos pelo centro histórico da cidade, onde pudemos apreciar um grande templo e algumas ruas com produtos locais a venda, até voltar para bike.

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De lá, partimos para a desativada estação de trem de Sanyi. Onde pudemos ver as ruínas desta ponte que foi destruída por um terremoto. A linha de trem que passava no local foi desativada e deu lugar a um trem turístico movido a pedaladas num circuito de 12 km onde é possível apreciar as paisagens da região. Depois de 75 km, passando por estradas tranquilas, o dia terminou na cidade de Taichung, onde apenas pernoitamos para no dia seguinte pegar o voo para o Arquipélago de Penghu.

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Arquipélago de Penghu

Um voo de aproximadamente meia hora, liga a ilha principal de Taiwan até o arquipélago, onde outros guias e novas bikes nos esperavam para continuar a viagem. Curiosamente, a região também é chamada de Ilha Pescadores, dado por navegadores portugueses há centenas de anos atrás.

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Kuibishan – Caminho de Moisés

De volta às bikes, nossa próxima parada foi em Kuibishan, onde vimos o que foi batizado de “Caminho de Moisés”, em analogia à história bíblica da abertura do Mar Vermelho. Sem dúvida, uma das atrações mais legais da viagem! Vimos um fenômeno natural, onde em um determinado horário, a maré baixa e abra um caminho que permite atravessar para uma pequena ilha do outro lado da praia. Depois de algumas horas, com a maré cheia, o caminho desaparece novamente sob as águas, impressionante. Após pedalar por mais alguns quilômetros, terminamos esse dia na praia de Aimen para curtir o entardecer.

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Turbinas de Vento – Zhongtun

No dia seguinte, iniciamos nosso pedal em direção a Zhongtun, onde uma ciclovia passa colada às turbinas de captação de energia eólica, permitindo vê-las bem de perto e até mesmo ouvir suas hélices “cortando o vento”. Para completar, o caminho termina numa pequena praia e de volta à rodovia onde continuamos nosso trajeto.

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A centenária árvore Banyan

Pedalando um pouco mais, chegamos à vila de Tongliang onde em frente ao Templo de Baoan temos uma grande arquitetura da natureza. A ancestral árvore Banyan tem idade estimada em mais de 300 anos e ao longo dos anos suas raízes e troncos, e também das suas árvores descendentes, foram se mesclando ao redor das pilastras do templo criando praticamente um túnel.

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Cruzando a Grande Ponte

De volta à bike, pedalamos até o extremo da região de Baisha, a ilha principal, e cruzamos a grande ponte de Peighu para chegar a ilha de Siyu. Essa ponte foi construída em 1970 dada a dificuldade de navegação entre os dois lados. Em 1984 ela acabou desabando devido à erosão forte do vento e foi reconstruída e ampliada em 1996. Conta com 2.5 km de extensão, sendo a maior construção feita pelo homem na região. Ao cruzá-la é possível ainda avistar o que sobrou da estrutura da ponte antiga.

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Vila de Erkan

Do outro lado, pedalamos um pouco mais e chegamos na vila de Erkan, que é protegida pelo governo local por guardar boa parte da história da ilha, com suas construções antigas restauradas com tijolos vermelhos e paredes feitas com corais. Não só isso, a vila tem toda uma decoração criativa, com decorações típicas dentro e fora das casas. Paramos um pouco para fazer fotos e tomar uma bebida típica feita com leite de amêndoas.

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A muralha de basalto de Daguoye

Nossa próxima parada foi uma das vistas mais bonitas da região. Ao iniciar uma descida, demos de frente com o visual do mar e do lado direito uma grande muralha de pedra que parecia esculpida pelo homem, porém é uma formação natural de basalto. Esse visual todo garantiu a vaga de Penghu na associação das “Baías mais bonitas do Mundo” em 2013 – https://world-bays.com/statutes/. De lá seguimos para nossa última parada, o farol de Yuwengdao, fundado em 1778, no extremo oeste da ilha.

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Pedalar em Taiwan

Conhecer o país de bike nos surpreendeu. Primeiro porquê acabamos com a impressão errada de que ninguém se interessa por bicicleta ou não há opções de roteiros. Ao contrário disso, vimos estradas com asfalto bom, cobertura de celular praticamente todo o tempo e respeito dos motoristas. Ao mesmo tempo que nosso ritmo foi mais moderado, voltado para turistas, é bem fácil replicar este trajeto com objetivos mais ousados.

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Para quem quer ir além, o roteiro de volta completa no país, o Formosa 900, é bastante desafiador. Para completar, ficou claro que ainda há muito o que conhecer e explorar. Conversando com os guias e outros ciclistas locais, soubemos que também ainda existem roteiros de mountain biking, bem pouco movimentados. Esperamos conhecê-los numa próxima oportunidade!

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Para quem planeja a viagem, uma dica interessante é que a KLM tem voos frequentes saindo de diversas cidades brasileiras, com possibilidade de escala por mais de um dia em Amsterdam, outra cidade de grande interesse para amantes do ciclismo como nós.

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