Longe de ser um roteiro fácil, o circuito das Araucárias não é recomendado a cicloturistas iniciantes. A exigência física é grande devido às subidas muito fortes e alguns trechos são muito isolados, o que requer experiência e autossuficiência em termos físicos e de mecânica de bicicleta.

O clima nesta região pode ser negativo no inverno, e chegar a 40°C no verão. Percorremos o circuito no período de 24 a 29 de dezembro. A temperatura era quente, com períodos de chuva ao longo do dia. O último dia foi o mais exigente, pois além de subidas fortes tivemos um combinado de chuva intensa e trechos de muita lama.

O Circuito das Araucárias é uma iniciativa do Consórcio Intermunicipal de Quiriri, que fez a sua implementação e faz a gestão do mesmo e é formado pelos municípios de Campo Alegre, Corupá, Rio Negrinho e São Bento do Sul.

© Claudia Franco

Eu, Marcello Ruivo e Professor Arnaldo M. de Farias, blogger do Nóis na Fita a TV, fizemos uma cicloviagem autossuficiente. Não utilizamos nenhum tipo de apoio, exceto o uso de hospedarias parceiras do circuito.

Se você deseja ter a experiência de imersão completa na natureza recomendo o Circuito das Araucárias. A natureza é magnifica e surpreendente. O circuito é muito variado, alterna entre topos de serra, planaltos e vales de rios. Florestas imponentes de araucárias, concentração de nascentes e cachoeiras, paredões de pedra e áreas de preservação da Mata Atlântica fazem do circuito um verdadeiro paraíso para os cicloturistas. Além da beleza da natureza, o roteiro é repleto de atrativos históricos, culturais e gastronômicos. A cultura recebe a influência alemã, polonesa e italiana presentes nas festas folclóricas, comida e construções.

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O circuito passa por vários trechos originais da Estrada Imperial Dona Francisca, construída em 1865 e que é um dos destaques da parte histórica. O nome vem da Princesa Dona Francisca, irmã de Dom Pedro II, que recebeu como dote as terras da região. A estrada foi construída com o intuito de ligar a então Colônia Dona Francisca (hoje cidade de Joinville) ao planalto. Foi a segunda via carroçável do Brasil e o primeiro trecho foi inaugurado ainda no tempo do Império, em 1865. Em lombos de burros e carroções, desciam erva-mate e madeira e subiam couro e outros produtos. Muitos trechos da Estrada Dona Francisca hoje se encontram asfaltados, fazendo parte do traçado da Rodovia SC-301. Outras partes conservam ainda o calçamento original em terra e pedras.

Pontos turísticos obrigatórios desta cicloviagem: Rotas das Cachoeiras, Morro da Igreja, passeio de Maria Fumaça, Campos de Quiriri, Cascata Paraíso e Parque Natural das Aves.

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O circuito é muito bem sinalizado, mas recomendo como apoio a utilização do mapa oferecido no site do circuito em diversos formatos: circuitodasaraucarias.com.br/roteiros, pois encontramos em diversos trechos do circuito placas arrancadas, depredadas e trechos cujas placas simplesmente não existiam mais.

O circuito é rico em documentação e informação, basta acessar o site e lá encontrará todas as informações necessárias para a programação de sua viagem: circuitodasaraucarias.com.br

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Um aspecto forte da região e que salta aos olhos é a preservação da natureza e também a limpeza e organização das cidades, certamente resultado do Consórcio Quiriri que blindou o ecossistema da região e que trata especificamente do cuidado e preocupação com o ambiente e recursos naturais. Para garantir a sustentação jurídica ao consórcio, mais de 20 leis municipais foram sancionadas pelos poderes públicos. Como fruto foi criada a APA – Área de Proteção Ambiental Municipal do Rio Vermelho/Humold, cujo objetivo é proteger as nascentes do Rio Vermelho e de seus afluentes; garantir a conservação da Mata de Pinhais e da Mata Atlântica existente no terreno; proteger a fauna silvestre; fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental; preservar a cultura e as tradições locais e melhorar, com orientação, a disciplina das atividades econômicas e a qualidade de vida da população residente na área.

Sem dúvida alguma o Consórcio Quiriri criou um cinturão forte de proteção ambiental e cultural entre as cidades que o compõem trazendo o que há de melhor à prática do cicloturismo.

Um pouco a respeito das cidades do Circuito das Araucárias

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São Bento do Sul

É a maior cidade do circuito e marca o km “0” do circuito. A economia de São Bento do Sul é essencialmente conduzida por empresas de grande porte, como as empresas Tuper (fabricação de metalúrgicos), Oxford (cerâmica), Buddemeyer (têxtil), Condor (escovas) e Rudnick (móveis). Além de ter um grande setor moveleiro, que responde pela maior parte das exportações desse setor no Brasil, a cidade conta com o turismo como parte de seu giro. Localizada no planalto norte de Santa Catarina, limita-se diretamente com os municípios de Rio Negrinho a oeste, Jaraguá do Sul a sudeste, Corupá a sul e sudeste, Campo Alegre a nordeste e o estado do Paraná a noroeste. A altitude em relação ao nível do mar é de 838 m. Seus primeiros habitantes vieram da Áustria, Bavária, Prússia, Polônia, Saxônia, Tchecoslováquia e mesmo do Brasil. Enfrentaram uma realidade dura: mata virgem, floresta densa, povoada por inúmeros animais e pássaros. Foi preciso muita coragem e vontade de trabalhar para construir ali uma réplica ao menos parecida com a pátria que deixaram.

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Rio Negrinho

Foi colonizada por imigrantes europeus, em sua maioria alemães. Com ar de cidade serrana, Rio Negrinho forma o cenário ideal para quem procura tranquilidade em meio à natureza. De Rio Negrinho parte o passeio da Maria Fumaça, uma rara oportunidade de andar em um trem histórico, movido a vapor.

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Campo Alegre

Até hoje preserva suas tradições alemã, polonesa, portuguesa e espanhola na culinária, agricultura e artesanato. Sua economia tem como base a agropecuária com foco no plantio do feijão, milho, batata-salsa e a criação de ovinos, o que lhe rendeu o título da Capital Catarinense das Ovelhas. Grande parte do território do município é coberto por florestas de araucárias e possui duas APAs – Área de Proteção Ambiental, uma localizada nos Campos de Quiriri e outra no Alto do Rio Turvo.

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Corupá

É um destino de beleza surpreendente para os apreciadores do ecoturismo, aos pés da Serra do Mar, em um vale rodeado de quedas d’água e de Mata Atlântica. Fundado em 1897 por colonizadores alemães, italianos e poloneses, chamou-se inicialmente Hansa Humboldt, em homenagem ao alemão Alexandre Von Humboldt. Em 1944 passou a chamar-se Corupá, e seu nome em língua indígena significa “lugar de muitas pedras”. A economia local baseia-se na agricultura, em especial a bananicultura, que lhe dá o título de Capital Catarinense da Banana. O artesanato em fibra de bananeira e os produtos a base de banana são uma marca da cidade. Corupá também passou a ser conhecida pelo cultivo em grande escala de plantas ornamentais, orquídeas e bromélias. Hoje as plantas abastecem os mercados nacional e internacional. Na indústria, destacam-se a têxtil e metalmecânica. A localização geográfica se dá no início da subida do Planalto Norte, entre dois polos regionais: Jaraguá do Sul e São Bento do Sul.

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Participantes da cicloviagem

Claudia Franco
Marcelo Ruivo
Professor Arnaldo M. de Farias

Fotos e vídeos da cicloviagem

Instagram /ciclofemini