Como bom cicloturista, a cada ano tento realizar uma cicloviagem. Às vezes só, mas dessa vez acompanhado. Este ano resolvemos realizar o Caminho da Fé, partindo da cidade de São Carlos, com chegada em Aparecida. Foram 550km percorridos, com um altimetria acumulada em torno de 12.500 m. Sim, muitas subidas pelo caminho, fazendo jus ao nome, Caminho da Fé. Dividimos a viagem em 8 dias, sendo que os 4 primeiros dias fizemos com alforges, até a cidade de Águas da Prata. Lá em Águas, chegou o tão abençoado carro de apoio e foram mais 4 dias até Aparecida. 

© Claudio Barufaldi

No dia 1, saímos de São Carlos, até a cidade de Porto Ferreira. Foi um dia relativamente tranquilo, percorrendo 70km com elevação de 650 m. O ponto de apoio foi na cidade de Descalvado, em torno do km 40, onde almoçamos e descansamos para terminar o dia. Depois, uma grande descida e muito estradão com areião e cana para todo lado que se olha.

No dia 2, iniciamos em Porto Ferreira com destino à cidade de Tambaú. Entre Porto e a próxima cidade, que é Santa Rita do Passa Quatro existe uma pequena serra, de onde se tem uma bela vista da região, e que já nos avisa o que nos espera pela frente. Mas nada muito a temer. Em Santa Rita, paramos para descansar um pouco e nos alimentar. Chegamos em Tambaú, com algumas subidas pelo caminho. No dia, foram 52km, com 1.000 m acumulados.

© Claudio Barufaldi

No dia 3 saímos de Tambaú com destino a Vargem Grande do Sul, em um total de 62km com 700 m acumulado. Encontramos alguns peregrinos realizando o caminho a pé. E ao longe, já começamos a avistar as montanhas mineiras. Foram poucos pontos de apoio neste dia. É necessário levar bastante água e suplementos, apesar de ter sido o dia mais tranquilo da viagem.

No dia 4, partimos de Vargem logo cedo. Tínhamos uma das piores serras do caminho pela frente, com uma ascensão maior que 700 m até São Roque da Fartura. Depois foi uma descida sensacional até Águas da Prata, com muitos singles pelo caminho. Lá encontramos com o resto do pessoal que iniciaria o Caminho com carro de apoio. Estávamos quebrados, pois não é fácil pedalar com alforges, e o dia finalizou com 44km e 1.500 m acumulados. Estávamos quebrados, mas felizes, pois a primeira parte da viagem estava feita, sem nenhuma intercorrência.

© Claudio Barufaldi

No quinto dia começamos cedo, as 6 horas. Nos quatro primeiros dias estávamos saindo as 9 horas. Mas neste tínhamos 90km pela frente e 2.000 m acumulados de ascensão. As pernas já estavam cansadas e o dia foi sofrido. Pico do Gavião, Serra dos Limas e Subida do Sabão foram os grandes obstáculos do dia. Finalizamos na bela cidade de Inconfidentes e dormimos em uma pousada já na saída da cidade, sentido Borda da Mata. Os próximos dias seriam muito pesados.

Mais uma vez, saindo bem cedo, as 6h, iniciamos o sexto dia rumo a Consolação. Com certeza o dia mais pesado do Caminho. Porteira do Céu, Tocos do Mogi e Serra do Caçador foram os desafios do dia, com 72km e uma altimetria de quase 2.500 m. Subida, muita subida. Mas quanto mais se sobe, mais bonita a recompensa. Uma vista mais linda que a outra, o que faz a gente esquecer todo o sofrimento para estar ali. E claro, sempre agradecendo por ter a oportunidade de realizar uma viagem assim. Indescritível: os lugares, as pessoas, os instantes que se passa por lá. 

© Claudio Barufaldi

No dia 7, encaramos mais um pouco de subida, entre elas, o Canta Galo e a tão famosa subida da Luminosa, top 10 em dificuldade no Brasil. Já havia escutado e estudado muito bem a subida. Mas podem acreditar. É quando se chega lá que se tem a imensidão do que ela realmente é. São 10km de subida, com uma ascensão acumulada de quase 1.000 m. Quanto mais se sobe, mais lindo o visual e no final dela, chega-se a quase 2.000 m de altitude, com a enorme satisfação de ter conseguido subir. Pernoitamos em Campista, um bairro de Campos do Jordão, e finalizamos o dia com 62km e 2.300 m acumulados!

© Claudio Barufaldi

Finalmente, o último dia de viagem. A ansiedade era alta para chegar logo em Aparecida. Seriam 95km, sendo que grande parte do percurso seria feita em asfalto, pois optamos ir por Pindamonhangaba. Mesmo com uma grande descida, pela Serra de Campos, ainda tivemos uma altimetria acumulada de 1.000 m. Amanheceu muito frio neste dia, uns 5 graus, que congelavam nossos dedos das mãos e dos pés. Mas o dia foi esquentando, e chegamos em Aparecida por volta das 13 horas. Como tivemos muita descida e asfalto neste dia, conseguimos fazer uma média de 20km/h. Bem diferente dos outros dias, onde a média foi de 12km/h, principalmente no trecho de Águas da Prata até Campos.

© Claudio Barufaldi

Enfim, tudo foi perfeito. Não tivemos nenhum problema durante a viagem, nem mesmo um pneu furado. Minha recomendação é que se faça o Caminho sem pressa, para que se aproveite ao máximo as lindas paisagens do lugar, as pessoas e o momento. E sempre, é claro, com pensamentos bons, energia positiva e a certeza de estar realizando uma das melhores coisas da vida: pedalar!