Pedro Vianna é carioca, formado em arquitetura e apaixonado pelo empreendedorismo. Viajar de bicicleta é um reflexo de sua própria personalidade: uma pessoa que corre atrás dos sonhos, se arrisca e realiza. O Eurofixie, uma viagem de Barcelona até Roma passando pela costa sul da França com uma bicicleta fixa foi o início de uma jornada que está só começando. E haja pernas!

Depois de 40 dias de Barcelona a Roma, Pedro começa a se preparar para uma nova viagem com sua bike fixa. O destino: Japão. E depois devem vir mais destinos incríveis, como Islândia e Amsterdam, segundo sua lista de desejos que não para de crescer. Neste bate-papo, o cicloviajante fala sobre sua relação com a bicicleta, o porquê da preferência pela fixa e os destinos que pretende seguir.

O início

Comecei a pedalar quando criança, mas nunca tinha sido louco por pedalar. Em 2013 ouvi falar sobre bicicleta fixa, comecei a pesquisar, assisti uns vídeos, testei a de um conhecido e comprei a minha usada. Sabe amor à primeira pedalada?! Foi tipo isso! Só queria pedalar pra todos os lados, fui parando de usar ônibus e outros meios de transporte. Basicamente, meu dia a dia é sempre com a bicicleta.

O insight para as viagens de bicicleta

Em meio às crises é que aparecem as melhores oportunidades! Acredito nisso e, de certa forma, foi assim que começou minha relação e paixão por viajar de bicicleta. Durante um período da minha vida, eu me tornei tudo que não quero ser: uma pessoa acomodada, distante dos amigos e sem grandes desafios. Foi preciso o término de um relacionamento para eu voltar a ser quem sempre fui.

Após um tempo assisti a um TED na universidade em que o arquiteto Argus Caruso contou um pouco de sua volta ao mundo de bicicleta, e eu fiquei fascinado! Aquilo martelou a minha cabeça por meses. Depois de um tempo eu comecei a pensar em fazer uma também. Mas naquele momento eu simplesmente não podia sair por aí viajando um ano ou dois, deixando tudo para trás; tanto por não ter grana, quanto por não ter terminado a faculdade. Mas eu precisava viajar de bicicleta mesmo assim. Foi assim que eu comecei a pensar em uma solução de viagem um pouco mais curta.

© Pedro Vianna

A estreia: de Barcelona a Roma em 40 dias de bicicleta fixa

Depois de meses, finalmente chegou a hora da aventura! Desmontei a bike, arrumei tudo, peguei o voo e, sozinho, fui rumo a Barcelona. Após uns dias conhecendo e me encantando com a cidade, coloquei tudo na bicicleta e parti. Quando comecei a pedalar eu estava com medo e muito inseguro. No decorrer das pedaladas, fui me acalmando e entendendo como pedalar pode ser terapêutico. Estava preocupado por usar apenas o iPhone como mapa, GPS e computador, mas não tinha muito erro – era só olhar pro mar, ir para a esquerda e curtir a brisa no rosto.

Logo nos primeiros dias, encarei ladeiras que exigiram muita superação. O único conforto de uma subida é saber que logo vem uma descida.

Minha viagem foi desenrolando e a experiência mais emocionante foi na Itália. O sol estava forte e uma subida muito íngreme me esperava. Com a perna direita empurrava o pedal pra baixo, com a esquerda puxava pra cima e vice-versa. Alternando os braços a cada hora, eu puxava o guidão pra cima. Coloquei muita força pra vencer o percurso, o suor escorria por todo o corpo. Quando cheguei ao topo, a endorfina já estava alta e me emocionar foi inevitável. Foi uma mistura de felicidade, sensação de vitória, gratidão e todos os sentimentos bons impossíveis de serem expressados com palavras. Todo arrepiado e com lágrimas escorrendo pelo rosto, entendi que era esse feeling que eu procurava quando decidi fazer a viagem.

Mas não são só coisas boas, a aventura não começa até algo dar errado. Durante a viagem eu dormi mal, quebrei a bike e o pior foi perder todo o meu dinheiro, na verdade perdi o meu cartão com toda a minha grana, e tive que ficar uma semana com quase dinheiro nenhum, até conseguir resgatar meu cartão de volta.

© Pedro Vianna

Preferência pela bicicleta fixa

A bike fixa foi o tipo de bicicleta que me despertou uma paixão por pedalar. Sei lá, é uma relação diferente que você adquire com uma fixa, é difícil de explicar, mas quem pedala uma bicicleta assim sabe exatamente do que estou falando. É a bicicleta que eu mais gosto no momento, mas eu não descarto viajar com outros tipos no futuro, o importante pra mim é pedalar, eu não me fecho a novas experiências!

Próximo destino: Japão

A minha curiosidade sobre o Japão existe desde 2009, quando eu fiz um intercâmbio de seis meses na Austrália. Eu não falava inglês e precisava aprender, no curso que fiz por lá tinham alguns brasileiros e japoneses. Colei no pessoal do Japão. Almoçava com eles, ia nas festas e reuniões deles e fiquei fascinado pela cultura, eu aprendia muito todos os dias e desde então sempre tive vontade de conhecer o país, só que não queria fazer uma viagem curta. Queria conhecer o país a fundo.

Embarco rumo ao Japão dia 19 de abril e por lá ficarei por aproximadamente três meses. A ideia é desembarcar em Tóquio, ficar uns dias na cidade e começar a pedalar rumo ao sul até Fukuoka, o que dá aproximadamente 1.170 km. De lá, precisarei pegar um trem até o norte para chegar em Hokkaido, onde volto a pedalar para o sul até chegar em Tóquio novamente, mais 1.250 km aproximadamente.

Dentre as cidade que visitarei estão Yokohama, Hamamatsu, Osaka, Nagoia, Quioto, Fukushima, Sapporo, Sendai, Hiroshima e outras menos famosas e bem menores que sempre surpreendem.

A lista de desejos

Eu tenho alguns lugares em mente para próximas viagens depois do Japão, como a Islândia, Costa de Portugal e Costa da Califórnia, mas sempre surgem lugares novos.
Por exemplo, estava pedalando pela rua e encontrei uma amiga. Ela me contou que estava começando a pedalar forte e pensando em viajar no ano que vem para a Índia de bicicleta, e perguntou se eu não pensava em fazer também e se não rolava de irmos juntos, e agora isso está martelando na minha cabeça. Como eu já disse, não me fecho para as oportunidades…

As vantagens de viajar de bicicleta

As vantagens são várias, mas na minha opinião a principal é ver o caminho de forma mais detalhada, você sente a mudança e sente as paisagens. De carro ou trem acaba sendo rápido demais, mas de bicicleta é perfeito. Você ouve, vê e sente o lugar numa velocidade perfeita. A endorfina liberada pelo exercício físico te dá uma sensação de bem-estar imensa e além disso é muito mais barato não ter gasto com transporte.

© Pedro Vianna

Dicas para quem está pensando em cicloviajar

Algumas coisas são básicas, como saber se você aguenta pedalar o roteiro que está pensando em percorrer, conhecer a bicicleta que você utilizará, saber o básico de manutenção pra não ficar na mão, hidratar-se e comer bem. Mas o principal é: essa é a sua vontade? O seu sonho? Você acha que isso vai te fazer feliz? Se sim, segue em frente e realize. E lembre-se sempre: se não te dá medo é porque não vale a pena o suficiente.

Bike Myself

Viajar é mais que descobrir novos lugares, é também se descobrir. De bicicleta você sente tudo de uma maneira mais forte. Na minha opinião, não é necessário largar tudo pra viajar por aí de bicicleta. Foi assim que eu comecei o meu projeto e cheguei até o Bike Myself. O meu intuito é compartilhar através de fotos, vídeos e relatos minhas experiências em busca do meu sonho de fazer viagens de bike, e quem sabe te inspirar a realizar aquele teu sonho também. Se você tem foco é sempre possível realizar.

Acompanhe o projeto