Em cada cicloviagem que faço, procuro um tema principal e, se possível, assistir a alguma etapa das principais voltas ciclísticas. Este ano, em homenagem aos dez anos da morte de Marco Pantani, a organização do Giro d’Italia dedicou três etapas ao “Pirata”. Assisti a uma delas e depois segui para Cesenatico, terra natal do atleta, que você pode acompanhar na matéria “Uma viagem em homenagem a Marco Pantani”, na edição 46 – novembro/2014. Aqui, conto o fim desta viagem, quando realizei o meu próprio Adriatico-Tirreno e depois segui ao encontro do meu amigo Luciano Berruti para participar do Museo Tour, uma pedalada com estilo retrô.

© JB Carvalho

Após três dias em Cesenatico, continuei viagem e cruzei a Itália de leste a oeste fazendo a minha “Adriatico-Tirreno”. Parti com o objetivo final de chegar à cidade de Cosseria para participar do Museo Tour. No primeiro dia, partindo de Cesenatico, passei por Cesena, Forli e Terra Del Sole, uma minúscula cidade medieval aos pés de seu castelo. Dormi na cidade de Castrocaro Terme, tentando apanhar o maior número de informações possíveis com os moradores, pois estava chegando o momento de fazer a travessia do Alpe Appennino Tosco Emiliano. Escolhi fazer a travessia por uma estrada cujo nome já dava medo: “Passo Del Muraglione”. Partindo de Castrocaro Terme pedalei um dia mais curto, apenas 40 km, porém, 20 km só de subida, então, resolvi dormir na minúscula San Benedetto in Alpe, aos pés da montanha.

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No dia seguinte enfrentei o Passo Del Muraglione. Foram algumas horas subindo uma verdadeira muralha que divide duas regiões, Toscana e Emilia Romagna. Lá no alto uma pausa para um lanche e apreciação… Depois veio uma descida igualmente incrível, forte e com muitas curvas. Neste dia pedalei mais do que pensei e cheguei à belíssima Firenze, porém, cheguei junto com uma mudança de tempo violenta e chuva forte. Em Firenze, sempre seguindo a filosofia Low Cost de viagem, encontrei um camping bem próximo ao centro, na Piazzale Michelangelo: não se pode dizer que é barato, mas é Firenze!

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Cheguei à cidade com chuva e parti de lá com chuva também. Desta vez, em direção à região da Garfagnana, passei pelas cidades de Prato e Pistoia, sendo que ali no vizinho Monte Castelo muitos pracinhas brasileiros perderam a vida na Segunda Guerra Mundial. A cidade possui um cemitério só de soldados brasileiros, e visitá-lo é realmente emocionante. Depois de pedalar cento e tantos quilômetros no dia anterior, mais 100 km neste dia, posso dizer que cheguei moído a Castelnuovo di Garfagnana, onde tenho amigos e fiquei alguns dias para descansar. Sempre pedalando, fiz algumas incursões pelo Alpe Apuane subindo até San Pellegrino in Alpe e passando por várias cidadezinhas.

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Ainda na região de Garfagnana, próximo a cidade de San Romano, visitei o castelo Fortezza Delle Verrucole. Construído no século X, ele foi alvo e motivo de muitas disputas pela sua conquista durante toda a Idade Média. Tinha uma escola realizando uma visita guiada e eu me infiltrei com eles. Foi engraçado: eu vestido de ciclista e todos os outros casuais, mas mesmo assim os guias achavam que eu era pai de alguma das crianças.

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Para completar meu “desafio”, eu tinha que chegar ao mar. Então, parti de Castelnuovo Di Garfagnana e atravessei o Alpe Maritimo pelo Passo Cipolla para chegar a Marina di Massa, cidade balneária vizinha a Massa Carrara, famosa mundialmente por seu mármore super branco. Ali dormi e no dia seguinte pedalei até a cidade de La Spezia, onde peguei um trem regional para chegar à cidade de Cosseria um ou dois dias antes do Museo Tour. Fiz isso para poder ajudar meu amigo Luciano Berruti com os últimos preparativos para essa jornada retrô.

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O Museo Tour é um evento para bicicletas clássicas, com partida na frente do Museo Della Bicicleta. Os ciclistas fizeram um giro de aproximadamente 50 km, passando em pequenas cidades medievais, sempre escoltados por um carro também de época. Por onde passávamos, éramos atração. A chegada do passeio foi no mesmo ponto de partida, a porta do museu, que estava aberto. Lá dentro, Luciano Berruti explicava como funcionavam os primeiros câmbios e mostrava parte do seu acervo de mais de 300 bicicletas raríssimas, uma enorme quantidade de camisas de grandes campeões e uma infinidade de curiosidades, como a lâmina de barbear em homenagem a Gino Bartali em sua embalagem original. Um grande almoço e sorteio de brindes finalizaram o evento.

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Conheci Luciano Berruti em 2011 no Colle Delle Finestre durante uma etapa do Giro d’Italia. Este simpático senhor visita as etapas mais duras de montanha sempre com bicicletas e equipamentos centenários, difundindo o ciclismo heroico e retrô. E minha viagem terminou com a honra de ser hospedado por Berruti por alguns dias!

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Site para pesquisa
fortezzaverrucolearcheopark.it
veloretro.it

A bike da viagem
Nesta viagem pedalei uma Bianchi modelo Impulso, equipada com bagageiro Pack’n pedal e Bike Fit Anderson Bicicletas.

Agradecimento aos parceiros
Bianchi – Brasil / Dádiva Distribuidora
dadiva.com.br
Anderson Bicicletas
andersonbicicletas.com.br
Thule
thule.com

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