Já assistiu ao Fantástico Mundo de Bobby? Talvez nunca tenha assistido ao desenho, mas já tenha visto pelo menos a abertura, onde Bobby anda a toda com um triciclo no mundo imaginário dele. É disso que muita gente lembra – principalmente a galera da década de 90 – quando vê um drift trike. Pode parecer coisa de criança – coisa do Bobby – mas esses triciclos conquistaram pessoas de diferentes idades e perfis no mundo todo.

O que é um drift trike?

Drift Trikes são triciclos construídos para fazer drift, ou seja, derrapar de lado. O drift é mais famoso com carros, mas ganhou espaço em duas rodas. Ou melhor, em três…

Ladeira abaixo, os pilotos utilizam seus trikes e realizam um Downhill, principalmente em ladeiras com curvas, onde podem realizer os drifts, 360° (volta no próprio eixo), andar sobre duas rodas ou até mesmo em apenas uma (RL Wheeling, quando o piloto anda somente com a roda dianteira). Além disso, outras manobras – inclusive algumas de BMX e Motocross – também são praticadas, porém, exigem a colocação de uma rampa no trajeto.

Clique aqui e assista vídeos incríveis de Drift Trike.

Há duas principais categorias de disputas entre os pilotos. Uma delas avalia quem manda melhor no drift, enquanto outra categoria (que os pilotos denominam Speed) cronometra quem chega primeiro no fim do percurso.

Origem e construção

Os Drift Trikes foram inventados na Nova Zelândia por jovens que utilizaram peças de bicicletas usadas para reformular triciclos infantis, reforçando e deixando eles “derrapantes”. Começaram a aparecer na internet no ano de 2008 e logo ganharam popularidade no mundo todo, o que levou algumas empresas a se aprofundarem na sua fabricação e evolução.

Os Drift Trikes parecem uma mistura de carrinho de rolimã com triciclo infantil e bicicleta de BMX. Sua parte dianteira – garfo, guidão, mesa e roda – é constituída por peças de bicicletas para BMX. A parte traseira é composta de um banco em forma de concha e rodinhas plásticas, que derrapam facilmente no asfalto.

A rigidez do material das rodas define a facilidade com que elas derrapam – quanto mais duro o material mais fácil o trike “drifa”. As rodas são fabricadas com PVC, Nylon e outros materiais com pouca aderência em asfalto. Elas podem ser fabricadas em diferentes níveis de rigidez, dependendo da tração que o piloto deseja. Muitos pilotos usam rodas de kart, e dizem que são muito eficientes.

Já o quadro é próprio para a modalidade, geralmente construído com um entre-eixos de 95-115 cm utilizando cromo ou alumínio. As rodas traseiras não podem estar muito afastadas uma da outra, senão fica difícil fazer o trike drifar.

Os freios são opcionais. Muitos pilotos preferem rodar conforme a pista, controlando a velocidade com manobras, mas os freios são recomendados, já que o trike é usado ladeira abaixo. A maioria dos Drift Trikes não possuem pedais, apenas pedaleiras para ajudar a controlar o trike com os pés.

Para chegarem ao topo das ladeiras os trikes são rebocados ou transportados por um veículo motorizado. Mas já existem também trikes motorizados (elétricos e a combustão) que até dispensam as ladeiras para derrapar.

Os Drift Trikes parecem uma mistura de carrinho de rolimã com triciclo infantil e bicicleta de BMX

Drift trikes artesanais

Muitos pilotos fabricam seu trike em casa, utilizando tubos de alumínio e cromo soldados para montar o quadro, comprando o resto dos componentes. Assim os trikes podem ser customizados, escolhendo o formato e desenho do quadro, ângulo de ataque da roda dianteira, tamanho das rodas, instalação de freios, pintura e outras características. Muitos vídeos e páginas na internet mostram a construção de trikes passo-a-passo.

Sidnei de Mattos Prado é piloto de Drift Trike há um ano e meio, mora em Arujá – SP e faz parte da equipe Maloka Trike de Arujá. Ele comprou um trike quebrado, consertou-o junto com o pai e com os irmãos, alterou as peças e melhorou o desempenho do triciclo. “Foi legal ter um trike construído ou montado por mim mesmo, porque tive e tenho a opção de moldá-lo de acordo com a minha necessidade e expectativa, e o sentimento de um construtor, de projeto realizado”, diz Sidnei.

Mesmo se não puderem ser construídos em casa, os trikes podem ser montados e customizados conforme o gosto do piloto. Muitas empresas fornecem peças importantes como quadro, banco e rodas traseiras em separado. As possibilidades de construção e customização são praticamente infinitas.

Alguns pilotos colocam acessórios e apetrechos nos trikes para torná-los únicos, como bandeiras, bancos com encosto, guidões estendidos e muitos outros.

Trikes no Brasil

A partir da divulgação na internet, os Drift Trikes se popularizaram muito rápido, e o esporte ganhou pilotos no mundo todo. Um dos pioneiros na invenção dos Drift Trikes fundou a empresa MadAzz, na Nova Zelândia, que fabrica e evolui os trikes.

No Brasil, a brincadeira ganhou um impulso a mais quando o programa MTV Sports apresentou uma corrida de Drift Trikes junto com a empresa Dream Bike, a primeira a fabricar Drift Trikes no Brasil.  “Vimos o ‘brinquedo’ na internet e alguns amigos nossos da emissora falaram para fazermos uma gravação sobre a construção do trike. Depois, realizamos uma corrida e colocamos em produção na fábrica. Deu certo e começou a crescer demais a procura”, conta André Ribeiro, diretor executivo da Dream Bike.

O maior meio de divulgação do Drift Trike atualmente são as redes sociais, meio pelo qual Sidnei Prado conheceu a modalidade. Pode-se encontrar não só dicas e tutoriais sobre como fazer um trike, mas também encontrar uma galera para praticar. Pelas redes sociais os pilotos combinam eventos, encontros e competições.

Sidnei conta que esteve presente no primeiro dia em que se praticou Trike Drifting em sua cidade. “O crescimento do esporte aconteceu de uma forma muito rápida e inesperada, com muitos novos adeptos, tanto locais quanto de municípios e estados vizinhos, que vinham andar conosco e nos convidavam para conhecer seus respectivos estados e municípios”.

“É um pessoal que em geral vem do skate ou que tem uma idade mais avançada, que teve um carrinho de rolimã antigo, ou mesmo que tenha receio do BMX devido às quedas. O perfil é bem variado”, complementa André.

Hoje já existem campeonatos estaduais, além de vários outros campeonatos no Brasil inteiro. E mundialmente falando, o Brasil vai sediar o evento Slider King, que nasceu na Itália e se tornou um evento mundial.

Cuidados ao pilotar um drift trike

Drifar um trike também exige alguns cuidados. Esses triciclos geralmente são usados em vias públicas, portanto, todo cuidado é pouco.
Quem tem cabeça usa capacete! Para fazer drift com triciclos os capacetes fechados são os mais indicados. Como os trikes podem atingir velocidades altas – chegando até a 70 km/h – usar joelheiras, cotoveleiras e luvas é muito recomendado.

Sidnei de Mattos Prado

Calçados fechados também são sugeridos, pois o contato dos pés com o asfalto em alta velocidade pode causar ferimentos. “Hoje em dia, de acordo com a radicalidade que o esporte tomou, uso equipamento de motovelocidade: capacete fechado e com viseira, luva e macacão de couro, caneleira e protetor de coluna, e atualmente não vejo melhor equipamento para o esporte”, diz Sidnei.

Como é praticado em vias públicas, os pilotos de Trike não são os únicos a utilizar a rua. Isso exige atenção e cuidado com outros veículos, ou acidentes graves podem acontecer. O melhor é escolher lugares com o mínimo de tráfego possível. Sidnei também comenta que nos rolês ‘são usados rádios comunicadores para ter certeza de que não haja veículos, pedestres e animais na ladeira para poder descer tranquilo.’

Sempre verifique o equipamento antes de praticar. Verificar se os freios estão bons e se todas as peças estão instaladas corretamente e os parafusos apertados com torque certo.

É importante evitar asfaltos mal conservados, esburacados ou muito irregulares. Durante a derrapagem, as rodas podem travar em algum buraco ou irregularidade e causar acidentes, além de danificar o triciclo. Asfalto molhado aumenta a facilidade de derrapar, mas também a de ocorrer acidentes.

Quem tem cabeça usa capacete!

A Experiência do Trike Drifting

Segundo a galera que pratica, o Trike Drifting garante uma boa dose de diversão, ainda mais quando o rolê acontece em grupo: “A sensação é de adrenalina, liberdade, realização, conquista, e a maior delas, a diversão, que fica ainda melhor entre amigos. Posso disser que hoje o esporte proporcionou a todos os adeptos uma nova família, onde nos encontramos para nos divertir e praticar esporte, que como todos os outros, faz bem para a saúde e para tirar o estresse do dia-a-dia” diz Sidnei.

E esse esporte pode proporcionar muito mais. Sidnei afirma que a família do Drift Trike está unida para a realização de atividades solidárias. No mês de janeiro a cidade de Itaóca e região, em São Paulo, foram atingidas por chuvas e enchentes. “A Família Drift Trike mais uma vez se uniu para realizar formas de arrecadações, e uma delas foi o “Drop Solidário em Prol de Itaóca”, realizado na cidade de Vargem – SP em 19 de janeiro de 2014, com o objetivo de arrecadar alimentos e objetos de necessidade básica para aquelas pessoas que necessitavam,” conta Sidnei. Essa é uma de várias ações que a Família Drift Trike realizou como ajuda a quem necessita.

Isso é Drift Trike! Triciclos que juntam diversão, adrenalina, amizade e solidariedade!