Carlos Cananéa desenvolveu o protótipo de uma BMX dobrável no Trabalho de Conclusão de Curso em Designer de Produtos

As bicicletas dobráveis já são relativamente comuns nos grandes centros urbanos, afinal, é muito mais fácil encontrá-las nas lojas hoje em dia, o que favorece sua popularização. Sabe-se que existem modelos cujo projeto recebeu o devido cuidado com a ergonomia, o uso de materiais e componentes de qualidade e a construção segue um padrão bem satisfatório, mas infelizmente outras opções no mercado não acompanham determinados parâmetros, resultando em produtos medíocres.

O formato dessas bicicletas dobráveis, na maior parte das vezes, segue um estilo já consagrado – até existem outras opções, mas são menos comuns, e geralmente muito mais caras.

Pensando nisso, desenvolvi uma BMX dobrável, aliando características que possibilitam a facilidade de transporte e armazenamento com uma aparência diferenciada, para o Projeto de Conclusão de Curso (TCC) na Universidade Estadual Paulista.

© Carlos Cananéa

Desde o início do trabalho, uma das definições era a de realmente criar um produto funcional, com a leveza que uma folding bike (bicicleta dobrável) exige, e as devidas facilidades na usabilidade. A primeira parte do projeto incluiu a criação de rascunhos e a realização de pesquisas sobre materiais, padronização, meios de transporte e o universo BMX, para em seguida, com estes estudos preliminares concluídos, criar o desenho e a modelagem virtual do protótipo. Com o formato definido, abriu-se caminho para a execução da etapa seguinte, que consistia na obtenção das peças para serem usadas no produto final. Com a maior parte dos componentes comprados, dois quadros de alumínio com trincas em determinadas áreas foram serrados para fornecer os tubos nas especificações corretas, tanto de material na composição quanto das medidas.

© Carlos Cananéa

Os tubos foram soldados seguindo os desenhos, várias adequações foram feitas, e a bicicleta foi montada sem pintura, para fazer a análise do funcionamento de todos os sistemas. Com a certeza de que não existiam problemas e o funcionamento era adequado (inclusive coletando informações e opiniões de pessoas que fizeram testes ergonômicos), a bicicleta foi desmontada para a pintura final e refinamento dos detalhes. Um diferencial interessante é que o canote é o responsável por deixar a bicicleta efetivamente montada. Ao subir o banco, é possível dobrar a estrutura para a compactação do volume, já que a parte dianteira do quadro encaixa na parte traseira. Isso dispensa a necessidade de travas, otimizando o uso de uma peça já existente na bicicleta.

© Carlos Cananéa

Com a manufatura do protótipo, características do projeto precisaram ser alteradas, como a passagem do cabo de aço através do quadro e o posicionamento do freio traseiro – que a princípio seria colocado na barra superior da estrutura que fixa a roda traseira. Ao término dos trabalhos com a bicicleta, e com algum tempo livre antes da apresentação final, também criei uma mala para transportar a bike. Para isso é necessário retirar as rodas, o guidão e o banco, além de dobrar o quadro, tudo sem o uso de nenhuma ferramenta.

O resultado foi uma bicicleta leve, que responde rapidamente aos comandos, e muito robusta, suportando o uso de uma pessoa com cerca de 90 kg sem problemas. Profissionais de lojas especializadas citaram a qualidade na montagem e a ausência de folgas em toda a estrutura, ao serem consultados.

© Carlos Cananéa

O que fica claro no resultado final é a ideia de criar uma alternativa às bicicletas dobráveis atuais, e não um rompimento do padrão existente. É uma bicicleta para ser colocada no porta-malas de qualquer carro para ser levada numa viagem, por exemplo, além de poder ser transportada em coletivos e levada a um parque para o lazer. Existem outras opções no mercado que atendem o usuário que busca uma bicicleta para o dia-a-dia nas grandes cidades, mas nenhuma com um visual próximo da bike mostrada aqui.

O nome V-ZERO foi criado para indicar que se trata de uma versão preliminar – a versão zero. A criação do logotipo e suas aplicações são do próprio Cananéa, que optou por criar uma tipologia angular e agressiva, evidenciando os triângulos do quadro e a atitude do movimento BMX.

Como o desenvolvedor do projeto, o principal ganho foi o aprendizado, pois a execução de absolutamente todos os processos foi muito engrandecedora. A pesquisa e o planejamento tiveram papel muito importante, afinal, uma segunda chance estava fora de cogitação. Tudo precisava funcionar adequadamente e erros no projeto não poderiam acontecer para não prejudicar o orçamento e o cronograma.

© Carlos Cananéa

Há de se considerar que não se trata de uma bicicleta para a prática de BMX, já que a geometria do quadro segue outro padrão, e a estrutura não foi projetada para suportar impactos muito fortes. Por ser a “versão zero”, determinadas características foram definidas de forma empírica, pois não havia um referencial anterior. O plano de criar outros produtos nessa linha existe, agora com know how melhor desenvolvido.

A orientação do TCC foi feita pelo professor José Carlos Plácido (UNESP Bauru), a quem agradeço pelas cobranças e acompanhamento durante a execução desta proposta de bicicleta dobrável.

Quem quiser saber mais sobre o desenvolvimento do projeto, pode entrar em contato através do e-mail carlos_cananéa@hotmail.com.