Meu nome é Andréa, sou pedagoga e cadeirante. Nasci com uma deficiência chamada osteogênese imperfeita, caracterizada por ossos frágeis. Desde criança tive muita dificuldade de locomoção não só por não conseguir andar, como também pelos problemas impostos pela própria deficiência. Devido à fragilidade óssea, era necessário muito cuidado para me locomover de um lugar para o outro, transformando a minha mobilidade em algo ainda mais difícil.

Quando eu tinha mais ou menos uns 8 anos de idade, meu pai me deu de presente um velotrol (triciclo infantil), o que para mim teve um grande significado, pois de certa forma me dava uma maior liberdade para locomoção com mais conforto, tanto em casa como na calçada da minha rua. Aos 14 anos, tive minha primeira cadeira de rodas que usava apenas para ir à escola. Depois da minha primeira cirurgia corretiva no fêmur com 16 anos, passei a usar cadeira de rodas de forma definitiva. A partir daí fui construindo uma nova percepção do significado da cadeira na minha vida e passei a não mais vê-la como algo negativo ou limitante, mas como um instrumento que me possibilitava mais liberdade e independência.

Um ano atrás, percorrendo essa trajetória de possibilidades, conheci o Kit Livre, um acessório motorizado que transforma a cadeira de rodas em um triciclo elétrico. Uma solução simplesmente maravilhosa na minha vida, pois além da liberdade, me proporcionou uma autonomia incrível!

Certo dia, indo para o meu trabalho, fui abordada por um ciclista, eu diria, “um tanto diferente” (risos), que se apresentou e falou um pouco do seu trabalho e projeto em torno da bicicleta como veículo alternativo e possível, para ser utilizado no cotidiano da vida e inserido de forma digna no contexto do trânsito. Assim, Dado Galvão pediu para tirar algumas fotos minhas utilizando o Kit Livre e me pediu autorização para divulgar as imagens e usar o meu exemplo de mobilidade para incentivar outras pessoas a perderem o medo de conquistar seus espaços no trânsito.

Percebendo a dimensão da causa e a sensibilidade de Dado, aceitei prontamente o desafio! A história foi recebendo outros desdobramentos, e encontros e reencontros foram acontecendo no percurso. Descobrimos amigos em comum envolvidos no mesmo sentido e visão de mobilidade. Vídeos, fotos e entrevistas foram sendo construídos, a fim de levar as pessoas a uma nova consciência de mobilidade e inclusão.

Conhecer Dado Galvão e o seu trabalho renovou minhas esperanças e encheu meu coração de alegria, por saber que o mundo está cheio de possibilidades e elas nascem de um olhar sensível que consegue enxergar o outro com empatia, respeito e amor, transformando nossos atos em sementes plantadas em boa terra, que no seu tempo, colherá bons frutos!

À Dado Galvão, toda a minha gratidão e admiração!

Foto tirada por Dado, quando fui abordada no trânsito em 18/04/19.

Andréa Santana Correia

Jequié, 23 de maio de 2019.

Assista ao vídeo:

www.CicloOlhar.blogspot.com