Buffalo, uma das bicicletas mais importantes do mundo
A maioria das bicicletas que são fabricadas são projetadas para o primeiro mundo. Portanto, quando chegam aos países em desenvolvimento (após anos de uso em outros locais), são um pesadelo para seus novos proprietários: caras, frágeis pelas duras condições de suas estradas e difíceis de reparar. Mas há uma diferente. Criada pela ONG World Bicycle Relief justamente para lugares como Zâmbia, Quênia ou Colômbia, pode-se dizer que a Buffalo é uma das bicicletas mais importantes do planeta. É barata, ultra-robusta e projetado para homens e mulheres. E já mudou a vida de 600.000 pessoas.
Uma esperança nascida da tragédia
Os ‘pais’ deste modelo são FK Day, um dos fundadores da SRAM, e sua esposa, a fotógrafa Leah Missbach Day. Ambos foram impactados pelo tsunami que atingiu os países do Oceano Índico em 2004, causando mais de 200.000 mortes. Um ano depois, eles fundaram a World Bicycle Relief, para fornecer bicicletas primeiro às pessoas afetadas pela catástrofe, embora depois esse objetivo tenha sido estendido a todos aqueles que precisavam delas no terceiro mundo.
FK Day usou então seu conhecimento da indústria para projetar uma bicicleta especialmente para esses lugares, onde as condições climáticas e de infraestrutura são muito severas e o dinheiro para as peças é escasso. Uma máquina que daria a seus usuários não apenas um meio de transporte, mas também independência.
Assim nasceu a Buffalo. Uma estrutura de aço com tubos superdimensionados para maximizar a resistência, um freio que requer muito pouca manutenção; medidas que a tornam adequado tanto para homens como para mulheres; um rack capaz de transportar até 100 kg de carga e pneus resistentes a furos garantem que seja tão abrangente e robusta quanto fácil de reparar em caso de quebra. E tudo por 147 euros.
Entre seus objetivos, está ajudar a educar mais crianças (permitindo-lhes ir à escola de bicicleta, em vez de a pé), ajudar os médicos rurais (que podem visitar mais pacientes desta forma) e apoiar a economia local, proporcionando aos agricultores e artesãos um veículo para transportar seus produtos. Por isso, a ONG costuma dizer que esta não é uma bicicleta (ou não só)… mas um motor de empoderamento cultural e econômico.
Aliás, uma das marcas de bicicletas mais importantes de toda essa história é a Trek. A empresa norte-americana fabricou as primeiras unidades deste modelo em sua sede em Waterloo (Wisconsin), e ainda está muito envolvida no projeto. Tanto que, no final do ano passado, lançou uma campanha de solidariedade junto aos seus distribuidores em todo o mundo na qual arrecadou 1,81 milhões de dólares (pouco mais de 1,6 milhão de euros).
No total, durante o período de Natal foram mais de 7.000 doações de pessoas e organizações de 27 países, segundo a Trek, que elegeu a Buffalo como sua Bike do Ano em 2021. Aliás, havia até a equipe feminina de ciclismo da Trek, que doou parte dos prêmios em dinheiro ganhos na temporada para esta causa. Com todo esse dinheiro, mais de 11.000 unidades podem ser compradas, o que mudará mais de 11.000 vidas.
Fotos: © World Bicycle Relief
